O alargamento da população elegível para dose de reforço contra a covid-19 vai exigir a disponibilização de mais meios no terreno, alerta o responsável pelo Núcleo de Coordenação do Plano de Vacinação, coronel Carlos Penha-Gonçalves.
Na intervenção efetuada na reunião de avaliação sobre a situação da pandemia em Portugal, que junta especialistas e políticos na sede do Infarmed, em Lisboa, o coordenador desta fase do processo de vacinação referiu que a atualização feita na quinta-feira pela Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre as condições de elegibilidade para a dose de reforço “duplica o esforço de planeamento” que tinha sido feito e impôs uma reprogramação do plano.
“Desde quinta-feira, pela norma da DGS, estamos agora a considerar outros grupos populacionais e estamos a falar, basicamente, de 1,8 milhões de pessoas”, começou por dizer, continuando: “Esta nova ambição com o alargamento da população-alvo indica-nos que é preciso fazer um reforço da estrutura executiva, que administra a vacina. É nesse equilíbrio de aumento da capacidade no terreno que vamos atingir os objetivos”.
O coronel Carlos Penha-Gonçalves reconheceu ainda a necessidade de se avançarem com “opções de planeamento” para a organização dos novos grupos elegíveis, bem como a importância do “acesso a dados de vacinação, infeção e hospitalização” para a definição das prioridades, embora a “vacinação das pessoas mais expostas” continue no topo da agenda.
Descrevendo o plano que foi traçado para decorrer entre 27 de setembro e 19 de dezembro com vista à vacinação da gripe e da dose de reforço contra a covid-19, com uma estimativa de cerca de 4,5 milhões de inoculações, o responsável pelo núcleo de coordenação vincou que o dispositivo “tem evoluído no tempo” e conta agora com 304 pontos de vacinação, com capacidade de administrar 460 mil vacinas por semana.
Em termos de cobertura já conseguida na vacina da gripe, o coronel Carlos Penha-Gonçalves explicou que a população elegível foi dividida essencialmente em três grupos: os maiores de 80 anos, os idosos entre os 70 e os 79 e, finalmente, as pessoas entre os 65 e os 69 anos. Nesse sentido, foram já alcançadas coberturas vacinais de 73%, 42% e 20%, respetivamente.
O teto vacinal da vacina da gripe costuma ser de 75%, segundo o responsável. “Temos cerca de 730 mil para dar, o que se traduz em cerca de 25 mil vacinas por dia, perfeitamente dentro daquilo que temos estado a dar”, observou.
Carlos Penha-Gonçalves adiantou que cerca de 630 mil pessoas receberam a dose de reforço contra a covid-19, numa população igualmente elegível para a vacina da gripe e que, para o coordenador, está a ter efeito na adesão à vacinação. A adesão atual é de 80%, com cerca de 600 mil pessoas para vacinar até 19 de dezembro, a uma média de 20 mil inoculações diárias.
Todavia, avisou que, se a adesão subir até aos 100%, isso traduz-se na vacinação de um milhão de pessoas, a “uma média de 35 mil por dia”, de acordo com o coronel do Exército.
Em Portugal, desde março de 2020, morreram 18.300 pessoas e foram contabilizados 1.117.451 casos de infeção, segundo dados da Direção-Geral da Saúde.
NR/HN/LUSA
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