A sessão de abertura contou com o secretário de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor, João Torres, que sublinhou a importância desta ferramenta para o desenvolvimento do sistema de saúde em Portugal, ao estimular a competitividade da indústria farmacêutica e reforçar a esperança no sucesso da investigação clínica e, consequentemente, numa melhor qualidade de vida dos doentes. “Com o lançamento deste portal, assinalamos um ponto de partida fulcral para a realização de ensaios clínicos no nosso país, assim como para encontrar melhores soluções e novas prioridades para a saúde em Portugal”, disse o secretário de Estado.
Ainda na abertura da conferência, Heitor Costa, diretor de Assuntos Institucionais e Inovação da APIFARMA, realçou que receber tratamento em Portugal é um direito de todos os portugueses. “Temos a obrigação social de ultrapassar as dificuldades. O sistema de saúde deve desenvolver-se em torno do doente e assentar na inovação, para proporcionar uma possível cura e uma melhor qualidade de vida”, referiu.
Catarina Resende apelou à contribuição de todos para o sucesso da investigação clínica em Portugal. Segundo a presidente da AICIB, “este é apenas o primeiro passo deste projeto pioneiro que exige ser alimentado e enriquecido com a ajuda de todos”.
No painel de apresentação do Portal, Ricardo Caetano, da IQVIA, explicou que a plataforma foi construída para Portugal e para o mundo, “garantindo ao nosso país um posicionamento de referência e de excelência, como destino para ensaios clínicos”, enquanto João Mastbaum, da FEVER, enumerou as funcionalidades da nova ferramenta no digital: “esta vai disponibilizar uma arquitetura de informação que corresponde às necessidades dos públicos-alvo, como, por exemplo, os dados epidemiológicos do país, as notícias, os estudos clínicos, os contactos e, de uma forma geral, o look and feel da investigação clínica em Portugal”.
John Ward, da Prime Site Solutions IQVIA Spain, apresentou o caso do Hospital Universitário Vall d’Hebron, em Barcelona, como entidade de referência nos ensaios clínicos, apontando como elementos de sucesso “a excelência no cuidado clínico e na investigação, o acesso aos doentes, a eficiência administrativa, mas, acima de tudo, a cultura de investigação”.
Para falar da importância deste tipo de investigação, esteve presente Joel Passarinho, diretor da Unidade de Ensaios Clínicos do Infarmed, que defendeu a conceção dos ensaios clínicos “na prevenção, no diagnóstico e tratamento de doenças”. Por outro lado, Cristina Campos, vice-presidente da APIFARMA, disse que “os Ensaios Clínicos são pilares da agenda da inovação e contribuem para o desenvolvimento de novos medicamentos e para uma melhoria da saúde”. “O que nos une é a persistência e a coragem para traçar este caminho em prol dos doentes”, acrescentou a vice-presidente.
Na mesa-redonda, sob o mote “Ensaios Clínicos – Uma prioridade estratégica para a Saúde em Portugal”, os oradores abordaram a importância do desenvolvimento de uma estratégia para o sucesso da investigação clínica em Portugal. O debate foi moderado por Hugo Pedrosa, da IQVIA.
Pedro Cunha, do Hospital da Senhora da Oliveira (Guimarães), enquadrou a importância do desenvolvimento dos centros de investigação clínica para concentrar conhecimento e atrair promotores, e Victor Herdeiro, presidente da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), frisou que Portugal tem todas as condições para atrair investigadores e promotores de ensaios clínicos.
Por sua vez, Filipa Costa, da APIFARMA, afirmou que Portugal é dos países com um número mais baixo de ensaios clínicos por habitante e apontou a demora na aprovação dos ensaios clínicos como uma das principais causas. Paulo Gonçalves, da Federação das Doenças Raras de Portugal, lembrou as dificuldades da comunicação paciente-médico e a importância do desenvolvimento da literacia na área da saúde. Por fim, Luís Horta, do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central, defendeu a necessidade de criar estruturas físicas que facilitem o desenvolvimento de mais ensaios clínicos e com mais qualidade.
A sessão de encerramento contou com João Almeida Lopes, presidente da APIFARMA, que lançou o repto da tarde: “Se algum de nós tinha dúvidas sobre a importância de ter mais ensaios clínicos em Portugal, qualquer dúvida ficou claramente afastada. Em dois ou três anos, no mínimo, deveríamos ser capazes de apresentar um número de ensaios clínicos, realizados em Portugal, equivalente ao número apresentado pelo Hospital Vall d’Hebron. Estamos a falar de 800 ensaios clínicos”.
Ao encerrar a sessão, António Lacerda Sales, secretário de Estado Adjunto e da Saúde, revelou que, em 2020, o Infarmed recebeu 187 pedidos de autorização para ensaios clínicos, e reiterou o apoio do Governo a esta iniciativa: “O XXII Governo Constitucional associa-se, através da minha presença, ao lançamento do Portal de Ensaios Clínicos, que representa um primeiro passo de indiscutível importância no desenvolvimento da investigação clínica em Portugal”.
Pode consultar o Portal Portugal Clinical Trails em https://portugalclinicaltrials.com/pt.
PR/HN/Rita Antunes
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