Especialista defende que curandeiros tradicionais devem ser envolvidos na saúde pública em África

15 de Dezembro 2021

A vice-diretora do instituto sul-africano de doenças comunicantes defendeu esta quarta-feira que os curandeiros tradicionais africanos têm um papel a cumprir nos serviços de saúde pública do continente e, apesar de algumas das suas práticas serem nefastas, devem ser envolvidos.

Natalie Mayet falava num painel sobre os argumentos para uma nova ordem de saúde pública em África, no âmbito da primeira Conferência Internacional sobre Saúde Pública neste continente, que decorre por videoconferência até quinta-feira.

Após falar sobre a importância dos recursos humanos na construção de uma nova ordem de saúde pública em África, a responsável, especialista em Higiene e Medicina Tropical e em Saúde Pública, foi questionada sobre o papel dos curandeiros tradicionais.

Recordando que 80% da população sul-africana já visitou um curandeiro tradicional, Mayet contou que foi feito um estudo sobre a adesão aos tratamentos contra a tuberculose que concluiu que a taxa de conclusão destes tratamentos era maior nas pessoas que tinham visitado estes curandeiros do que nas que eram seguidas nos serviços de saúde formais.

“Perguntámos porquê. Estão disponíveis 24 horas por dia, tratam o indivíduo como um todo (…) abordando o contexto psicossocial e espiritual deste indivíduo”, disse.

Para Mayet, os curandeiros tradicionais são uma parte integrante dos sistemas de saúde.

“Temos de os envolver e trabalhar colaborativamente. Sim, algumas práticas fazem mal, mas podemos envolver-nos e dizer que descobrimos, enquanto comunidade médica, que isso faz mal, mas também há muitos medicamentos tradicionais que funcionam melhor do que os nossos medicamentos convencionais, por isso temos muito a aprender”, disse.

A especialista concluiu por isso que o envolvimento mútuo e a compreensão mútua “irão certamente ajudar a abordar algumas das necessidades prioritárias no continente”.

LUSA/HN

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