“É necessário tirar a Lei de Bases da Saúde do papel e fazer dela uma realidade, criando um estatuto para o Serviço Nacional de Saúde (SNS), não aquela proposta que o Governo apresentou que não resolve nada”, afirmou a coordenadora do BE, em entrevista à Lusa, a propósito das eleições legislativas de 30 de janeiro.
Para o BE, “o SNS não tem meios e tem uma organização que está obsoleta” e, por isso, é necessário concretizar a legislação fundamental da saúde aprovada há dois anos, mas, criticou, o PS “não tem vontade de mudar nada, nunca a tirou do papel”.
Continuar a atrasar a aplicação da Lei de Bases da Saúde vai degradar ainda mais a qualidade dos serviços públicos de saúde, considerou: “Os profissionais de saúde estão exaustos, fazem autênticos milagres todos os dias, mas não estão a responder como é necessário à população”.
A saúde, em particular a concretização da Lei de Bases, é, para o BE, primeira condição para negociações à esquerda na sequência das eleições de 30 de janeiro, apontou.
Sobre a presente fase da pandemia, Catarina Martins acusou o Governo de demonstrar “uma enorme impreparação”, uma vez que o atual pico de casos de infecção pelo vírus que provoca a covid-19 era expectável nesta altura do ano e devia ter sido acautelado o reforço dos recursos.
“[O Governo], como quer atrasar toda a despesa, como quer ver se não faz a despesa, faz a despesa tarde demais, sistematicamente tarde demais. Ouvimos a ministra da Saúde dizer na terça-feira que ia finalmente reforçar a Saúde 24, já depois de a Saúde 24 estar em colapso”, criticou.
A coordenadora bloquista, reeleita em maio para mais um mandato à frente do partido, considerou também que “não há nenhuma novidade em haver uma nova variante” do SARS-CoV-2 e que o Governo voltou a demonstrar que não estava preparado.
“Há meses que sabíamos que ia aparecer uma variante nova. Há meses que se sabia que o país tinha de estar preparado para isso. É normal, não se está a vacinar o mundo todo, as variantes novas aparecem (…). E o Governo, em vez de reforçar as equipas, em vez de proteger os médicos de família, os enfermeiros e os cuidados primários, o que fez foi empurrar para os cuidados primários de saúde todo o trabalho de um enorme número de casos”, completou.
Catarina Martins sustentou que “ao fim de dois anos não devíamos estar a falar de impreparação” e que, “o facto de Portugal ser um dos países que menos gastou com a pandemia não é bom”.
NR/HN/LUSA
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