“Um ciclone ou uma tempestade tropical deve atingir a região norte de Moçambique em 24 de janeiro”, anunciou a Federação Internacional da Cruz Vermelha, num plano de emergência publicado na sexta-feira, baseada em previsões com 60% de fiabilidade.
O país atravessa a época chuvosa e ciclónica, que acontece anualmente entre outubro e abril, e que costuma levar tempestades e ciclones do oceano Índico contra a costa leste da África Austral.
Desta vez esperam-se chuvas torrenciais e ventos fortes, que podem atingir 166 quilómetros por hora no pior dos cenários, nas províncias de Sofala, Nampula e Zambézia, onde vive cerca de metade dos 30 milhões de habitantes do país.
A Cruz Vermelha prevê que pelo menos 25.000 pessoas sejam afetadas, mas, se as piores previsões se concretizarem, o número pode chegar a 300.000.
O plano da organização humanitária antevê destruição de várias infraestruturas e casas (a maioria são de construção precária), perda de produção agrícola com agravamento da insegurança alimentar, falta de água potável e risco acrescido de doenças relacionadas com águas estagnadas, como cólera e malária.
O impacto deverá intensificar a deslocação interna de habitantes de zonas rurais para espaços urbanos onde já há falta de habitações dignas e onde a pandemia de Covid-19 tem dificultado encontrar trabalho.
A operação da Cruz Vermelha vai incidir em “medidas de preparação nas regiões de Sofala, Nampula e Zambézia, conforme a trajetória da tempestade ou ciclone se forme nas próximas 48 horas”, lê-se no documento, segundo o qual há 880 voluntários prontos para entrar em ação.
Parte vai fazer um levantamento logo após o primeiro impacto da tempestade, outra está já a colocar antecipadamente materiais de ajuda e equipamento em diversos locais, bem como a preparar centros de acolhimento.
Muitos dos intervenientes estiveram no terreno durante os ciclones Idai e Kenneth, que atingiram o país em março e abril de 2019.
O período chuvoso de 2018/2019 foi dos mais severos de que há memória em Moçambique: 714 pessoas morreram, incluindo 648 vítimas de dois dos maiores ciclones (Idai e Kenneth) de sempre a atingir o país.
Na atual época de tempestades, pelo menos 14 pessoas já morreram e outras 53.269 foram afetadas por desastres naturais desde outubro, segundo o mais recente relatório do Instituto Nacional de Gestão de Desastres (INGD) de Moçambique.
LUSA/HN
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