Em declarações à Lusa no Jardim do Morro, em Vila Nova de Gaia (distrito do Porto), o líder do Volt e candidato a deputado por Lisboa considerou que as regras orçamentais, que atualmente estão suspensas devido à pandemia de Covid-19, “não podem ser demasiado rígidas”.
“A Europa é aquilo que nós quisermos e que os cidadãos queiram que ela seja”, pelo que o partido que defende uma Europa federal advoga que os europeus possam “escolher que tipo de governação querem”.
Assim, os europeus, defende o Volt, devem poder decidir “se querem uma governação mais liberal, uma governação mais centro-esquerda, uma governação mais centro-direita”, já que da mesma forma que votam para escolher deputados para o Parlamento Europeu, devem poder, futuramente, votar “num Governo europeu, num primeiro-ministro europeu, e num presidente europeu”.
“Tem é que estar nas mãos dos europeus essa escolha, e as regras que daí surgirem será de acordo com a maioria dos europeus, isso é que é a democracia, como acontece em cada um dos Estados da União Europeia”, resumiu.
Os tratados europeus estabelecem que os Estados-membros não devem ultrapassar os 60% de peso da dívida pública sobre o Produto Interno Bruto (PIB) nem os 3% do PIB no défice orçamental.
Tiago Matos Gomes defendeu que “a União Europeia tem de ter regras comuns a todos”, mas com “flexibilidade para entender que tem de ser elástica o suficiente para perceber que há determinados países que se têm de acomodar de forma mais lenta a determinadas regras, e têm de ter tempo de preparação para essas regras e para as aplicar”.
“Tem de haver sempre bom senso. O bom senso é a chave para quase tudo. Obviamente que tem de haver uma uniformização”, disse, dando como exemplo a abolição dos paraísos fiscais, também defendido pelo Volt nos Países Baixos ou no Luxemburgo, países com esta característica.
O responsável do partido europeísta relembrou ainda que, por exemplo, os Estados Unidos, o Brasil ou a Índia são países federados em que “os Estados têm diferenças, e há uns Estados mais ricos e outros mais pobres, e portanto haverá sempre algumas diferenças”.
“O nosso objetivo, no fundo, é ter os salários que tem um europeu do centro da Europa, e obviamente que os países de leste também querem atingir esse nível, e temos de caminhar nesse sentido”, resumiu.
O candidato do Volt anteviu ainda que o federalismo europeu seja atingido “em 20, 30, 40, 50 anos, no máximo”, e considerou que “a Europa está a perder influência”.
Questionado acerca do papel da União Europeia nas relações com a Rússia, particularmente na atual crise relacionada com a Ucrânia, Tiago Matos Gomes defendeu que “não devem ser os Estados Unidos a liderar a oposição à Rússia”, pois “a Rússia é uma vizinha da Europa e devia ser a Europa a liderar esse processo”.
“Temos que nos unir diplomaticamente, ter umas Forças Armadas europeias, para podermos ter também alguma influência nos destinos do mundo”, concluiu.
LUSA/HN
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