António Costa falava aos jornalistas, com os seus dois cães pela trela, ao acompanhar a mulher, Fernando Tadeu, no exercício do seu direito de voto numa escola em Benfica (Lisboa). O líder do PS e primeiro-ministro votou antecipadamente em mobilidade há uma semana, no Porto.
“Espero sobretudo que todas as pessoas se sintam seguras para poderem hoje exercer o seu direito de todo, todas as medidas foram tomadas por todas as freguesias para que todos possam votar com segurança. O grande apelo que faço é que as pessoas participem neste momento, que é de festa da democracia, em que cada cidadão e cidadã decide o futuro do país”, afirmou.
Questionado sobre a reponderação pedida no sábado pelo Presidente da República acerca do dia de reflexão na véspera das eleições, Costa disse não ter “uma opinião formada”.
“Para lhe ser sincero, não tenho opinião formada sobre essa matéria, sempre me habituei a que fosse assim, é difícil ver o que ganhamos muito com isso. No fundo, era mais um dia de campanha”, afirmou, acrescentando que “seria complicado” mudar as eleições de domingo para sábado, já que há muito mais pessoas a trabalhar nesse dia.
“Não é uma questão sobre a qual tenha opinião firme”, reforçou, acrescentando que, quando esse dia foi pensado, em 1975, servia para “introduzir um período de acalmia, uma reflexão mais serena” entre o momento da campanha e o do voto.
Sobre outra passagem do discurso do chefe de Estado, na mensagem que dirigiu no sábado aos portugueses, em que apelou a “mudanças de fundo” sem as quais o país “corre o risco de encharcar com milhões as areias de um deserto”, António Costa disse tê-la ouvido “com naturalidade”.
“Por exemplo, o Plano de Recuperação e Resiliência tem associado um pacote importante de investimentos a um conjunto de reformas, designadamente na justiça económica, na área da reforma do Estado e são essas reformas que justificam esse investimento”, disse.
António Costa assegurou estar “sereno e tranquilo” quanto aos resultados eleitorais e disse que, até à noite, irá “acabar de passear os cães, almoçar tranquilamente” e depois ainda passará por São Bento para “despachar correspondência internacional que ficou atrasada na campanha.
“A minha parte ficou concluída na sexta-feira, hoje são os portugueses que têm de votar”, afirmou.
Questionado se tem dois discursos preparados para a noite eleitoral, Costa não respondeu diretamente: “Só tenciono fazer um discurso logo à noite”.
Sobre problemas registados com a votações de portugueses no estrangeiro, António Costa disse lamentar essas situações e salientou a necessidade de “melhorar a informação sobre os procedimentos.
“Alargámos muito o universo eleitoral dos portugueses no estrangeiro que podem votar, passámos de um número residual para uma situação de inscrição quase automática, provavelmente essa mudança ainda não foi totalmente incorporada”, afirmou.
Quanto ao horário recomendado pelo Governo para a votação de isolados e infetados, o líder socialista e primeiro-ministro disse esperar que tudo vá decorrer com segurança, salientando que “estas não são já as primeiras eleições em pandemia” e não houve, nas anteriores, “nenhum surto associado a um ato eleitoral”.
A meio das declarações aos jornalistas, a mulher do primeiro-ministro aproximou-se, já depois de ter votado, o que provocou alguma agitação nos cães, que tiveram de mudar de mãos.
“A popularidade lá em casa é indiscutível”, gracejou António Costa.
Podem votar para as eleições antecipadas de hoje 10.820.337 eleitores, mais 9.808 do que nas anteriores legislativas, em 2019.
Concorrem a estas legislativas antecipadas 21 forças políticas, o mesmo número do que em 2019, mas apenas 13 concorrem em todos os círculos eleitorais.
No total, são eleitos 230 deputados à Assembleia da República, de onde sairá o XXIII Governo Constitucional.
Em 2019, a taxa de abstenção atingiu o recorde de 51,43%, comparando com os 8,3% nas eleições para a Assembleia Constituinte, em 1975, ou os 16,4% das primeiras legislativas, em 1976.
A legislatura atual, que terminaria apenas em 2023, foi interrompida depois do ‘chumbo’ do Orçamento do Estado para 2022 ter gerado uma crise política que levou à dissolução do parlamento e à convocação de eleições antecipadas.
LUSA/HN
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