Marcelo Rebelo de Sousa falava na cerimónia de entrega do Prémio Bial de Biomedicina 2021, na Reitoria da Universidade de Lisboa, numa intervenção em que agradeceu aos cientistas e aos profissionais de saúde o seu contributo para o combate a situações pandémicas como a atual.
“É impressionante e é para mim uma honra como Presidente da República poder dizer que Portugal é anfitrião na entrega deste prémio, no reconhecimento do mérito universal, na verificação da importância da ciência. E quando, de vez em quando, nos deparamos com negacionismos avulsos, isto é, ‘a ciência não vale a pena ou vale pouco a pena ou algum caso específico de aplicação da ciência não faz sentido’, nós pasmamos quando comparamos com aquilo que é o labor de cientistas”, declarou.
O chefe de Estado considerou que “o tempo é propício, porque nada como a pandemia para reconhecer aos poucos a importância da ciência, para negar os negacionismos”. Em seguida, distinguiu “entre os negacionismos de princípio e os negacionismos na prática”.
“Os negacionismos de princípio são, apesar de tudo, os menos perigosos, porque são destruídos em cada esquina pela afirmação da ciência. Os negacionismos na prática são os que se traduzem em reconhecer o mérito da ciência, mas em hesitar em fazer uma aposta na ciência, em ir mais longe nos recursos disponíveis para a ciência, em converter a aposta de princípio numa aposta de recursos e de meios”, expôs.
Marcelo Rebelo de Sousa admitiu que se considere que os recurso e meios para a ciência “nunca chegarão” para satisfazer “as expectativas”.
“Mas este momento é bom para se perceber como o nosso futuro passa por aí”, acrescentou, defendendo que “a ciência é crucial” para o futuro de Portugal, constituindo “uma das vertentes fundamentais da qualificação”.
Dirigindo-se a Carlos Moedas, o chefe de Estado observou: “Que o diga o senhor presidente da Câmara Municipal [de Lisboa], que se lembra ainda de ter sido comissário europeu neste domínio, essas memórias não passam rapidamente, mesmo com os fascínios de Lisboa”.
No início do seu discurso, o Presidente da República assinalou a menor propagação da covid-19 e o mais recente alívio de medidas restritivas no plano da saúde pública em Portugal.
“Estamos a viver em Portugal e um pouco por todo o universo o quase fim de um longo período de pandemia, em que esse universo esteve, se não fechado, quase fechado: não circularam as pessoas, não circularam as instituições, circularam, mas com mais dificuldade as ideias, circulou, mas com mais dificuldade, a esperança e a confiança no futuro”, referiu.
“Estamos a celebrar esse momento de abertura”, afirmou.
O Presidente da República felicitou a fundação constituída pela empresa farmacêutica Bial e os seus prémios, questionando: “Quem substituiria esta atividade fundacional no incentivo à ciência, quem?”.
Em Portugal, desde março de 2020, morreram mais de 20 mil pessoas com covid-19 e foram contabilizados mais de três milhões e cem mil casos de infeção com o vírus que provoca esta doença respiratória, segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS).
NR/HN/LUSA19
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