No arranque do discurso, que decorreu esta quinta-feira, Hélder Mota Filipe começou por agradecer o papel da bastonária cessante, Ana Paula Martins, que “pelas suas caraterísticas pessoais, preparação, conhecimento da profissão e sensibilidade política e perseverança, colocou a profissão farmacêutica num patamar superior”.
O novo bastonário olha para a sua eleição como uma “honra suprema” e promete que tudo fará “para estar à altura da decisão” dos colegas farmacêuticos. Apesar de destacar o facto de ter sido “o processo eleitoral mais participado de sempre”, o responsável lamentou que a percentagem de abstenção tivesse sido tão elevada – cerca de 60%. “Este número deve-nos fazer refletir sobre as razões que levam a que a maioria dos farmacêuticos eleitores continue a não se envolver num dos momentos mais importantes da vida da sua ordem”, refere.
No discurso Hélder Mota Filipe sublinhou alguns dos desafios a que pretendem dar resposta: o sentimento de desconfiança da opinião pública sobre o desempenho das ordens profissionais; o afastamento dos jovens farmacêuticos da ordem; clarificar as atividades exclusivas do farmacêutico “de forma a evitar atritos desnecessários com outras profissões” e demonstrar o papel dos farmacêuticos nos resultados de saúde e a mais-valia para o SNS.
O atual cenário de recuperação pós-pandemia é algo que não deixa o novo bastonário indiferente. Na toma de posse, que teve lugar no auditório da Fundação Champalimaud, Mota Filipe referiu que “a pandemia da Covid-19 e as consequências nos doentes não covid exigirão do sistema de saúde e, em particular do SNS, e dos seus profissionais, um enorme esforço adicional”.
Por este motivo, garante que enquanto bastonário da Ordem dos Farmacêuticos, tudo fará “dentro do SNS ou em colaboração com ele para contribuir para a resolução da situação complexa que enfrentamos e continuaremos a enfrentar nos próximos anos”.
Hélder Mota Filipe considera que os farmacêuticos poderão prestar um grande contributo para o alívio da pressão do SNS. No entanto, reconhece que “apenas será possível contribuir se houver um reconhecimento adequado e devidamente enquadrado, da intervenção do farmacêutico e as condições necessárias, para prestação desses serviços com qualidade e segurança”.
Após reconhecer que “a ordem não é um sindicato”, o bastonário eleito garante que “durante este mandato nunca se verá o bastonário substituir-se a dirigentes sindicais ou políticos”. No entanto, “garantir que os farmacêuticos possam desempenhar a sua atividade em condições materialmente e deontologicamente adequadas, para assim melhor servir os doentes em sociedade, é função do seu bastonário”, assegura.
Numa altura em que o país enfrenta um aumento do preço dos medicamentos, o bastonário diz ser ” fundamental que o SNS reconheça claramente a importância da intervenção farmacêutica nas decisões sobre as opções terapêuticas mais custo-efetivas para cada doentes, no acompanhamento farmaco-terapeutico, na promoção de adesão à terapêutica, entre outras intervenções”. O responsável diz que já foi demostrado que esta intervenção tem permitido aumentar os resultados em saúde, “diminuindo a carga da doença ou de efeitos adversos, evitando assim aumentos na despesa”.
À semelhança daquilo que foram as palavras que marcaram o arranque do discurso, Hélder Mota Filipe quis deixar uma mensagem de agradecimento no final da sessão a todos aqueles que permitiram a sua eleição.
HN/Vaishaly Camões
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