No estudo hoje divulgado, a ZERO “mostra caminhos credíveis para começar a reduzir as emissões da aviação antes de 2030 e eliminar o seu impacto climático até 2050”.
O estudo foi coordenado pela Federação Europeia de Transportes e Ambiente (T&E), da qual a associação ambientalista é membro.
“A aviação europeia tem um problema climático crónico: entre 2005 e 2019, o tráfego aéreo cresceu 67% e as suas emissões de dióxido de carbono (CO2) cresceram 24%. A menos que sejam tomadas medidas desde já, as emissões da aviação deverão crescer mais 38% até 2050, mesmo com melhorias na eficiência das aeronaves”, refere a ZERO em comunicado enviado à agência Lusa.
A associação ambientalista diz que é possível resolver o problema e a Europa caminhar para uma aviação sustentável, “com base no progresso tecnológico e, sobretudo, nas lições aprendidas durante a pandemia”.
“Este caminho é traçado de duas formas. Primeiro, através do fim da expansão dos aeroportos na Europa, que impulsionou grande parte do crescimento das emissões; e segundo, através da redução das viagens em trabalho para metade dos níveis pré-covid – somente esta redução nas viagens em trabalho fará reduzir as emissões em cerca de 32,6 milhões de toneladas de CO2 até 2030, o equivalente a retirar 16 milhões de automóveis poluentes da estrada”, explica.
No entanto, reconhece no comunicado que a redução nestas viagens não será suficiente para uma aviação neutra para o clima até 2050 e, para isso, é necessário “uma série de medidas vinculativas”.
Para a ZERO, a Europa e os Estados-membros “precisam de agir no sentido de fazer subir os preços das licenças de emissão, bem como de acabar com as escandalosas isenções fiscais na aviação, para que esta indústria pague o verdadeiro custo do seu impacto climático”.
Também são precisas “políticas para fazer a transição de combustíveis fósseis poluentes para combustíveis sustentáveis na aviação”.
“O mais promissor entre estes combustíveis é o querosene sintético, produzido a partir de hidrogénio verde e de CO2 capturado a partir do ar”, lê-se.
Segundo a nota, “o papel de novas tecnologias na aviação, incluindo aviões elétricos e a hidrogénio, será fundamental”, mas “para desbloquear o potencial destas tecnologias é preciso forçar a indústria aeronáutica a vender e operar aviões com emissões zero até ao final desta década”.
“Porém, isso não basta. Se queremos resolver o problema da aviação sobre o clima, precisamos também de resolver o seu problema climático não-CO2 – estes efeitos têm que ver com o facto de os aviões cruzarem e emitirem no topo da troposfera, formando rastos (‘contrails’), que têm frequentemente um impacto ainda maior no aquecimento do planeta que os efeitos CO2”, acrescenta.
Para a ZERO, “a este nível, deve começar por se exigir, por parte da aviação, o uso de combustíveis fósseis mais limpos e com menos partículas suscetíveis da criação de rastos”.
“Por outro lado, as rotas dos voos podem ser otimizadas para evitar condições atmosféricas que criam ‘contrails’ de aquecimento climático. Estas são alterações que podem ser feitas agora e com benefícios imediatos”, remata.
NR/HN/LUSA
0 Comments