Entre esses eventos de solidariedade estão as tertúlias da Academia do Bacalhau de Caracas (ABC), organização que surgiu há 28 anos, e que depois de limitações sentidas durante dois anos devido à covid-19, realizou recentemente o primeiro almoço de 2022 e, já está preparar uma nova tertúlia, para a qual espera a participação de mais de 150 pessoas.
Segundo José Luís Ferreira, presidente da ABC, existem atualmente quatro Academias do Bacalhau em distintas cidades da Venezuela, sensibilizadas para ajudar “casos pontuais” de compatriotas carenciados e organizações de beneficência, em particular, no caso de Caracas, o Lar da Terceira Idade Padre Joaquim Ferreira.
“Ao contrário do que as pessoas pensam não somos todos ricos, há muitos compatriotas a passar necessidades, a viver em situações infra-humanas, que precisam de ajudas principalmente para tratamentos em medicamentos”, explicou, por outro lado, o tesoureiro da ABC à agência Lusa, salientando que a comunidade e os empresários estão a responder aos apelos.
“As ajudas que angariamos não são suficientes para atender tantos casos, seria importante que o Governo português nos ajude a ajudar”, sublinhou.
Ainda em Caracas, o Grupo dos “Panas”, que em castelhano significa amigos, tem realizado também almoços de convívios em que participam mais de uma centena de pessoas.
Criado por vários amigos, em plena pandemia da covid-19, este grupo, realizou quinta-feira um almoço solidário, cujos recursos angariados estão destinados ao Lar da Terceira Idade Padre Joaquim Ferreira e ao tratamentos de crianças venezuelanas com cancro.
“Surgimos em número pequeno, mas fomos crescendo, mesmo durante a covid-19. Estamos todos unidos por uma causa e integramo-nos em outras iniciativas e grupos porque a pandemia foi um problema e há muitas necessidades”, explicou um dirigente, precisando que um novo almoço está a ser agendado.
Ainda em Caracas, as “Damas da Beneficência”, preparam também um almoço de beneficência, para 03 de abril, e em maio, o grupo “Netas do Lar da Terceira Idade Padre Joaquim Ferreira” prepara um jantar com o propósito, segundo Margarita Beja, de contribuir “para que os ‘avozinhos’ continuem a receber atenção e tenham uma vida mais agradável”.
Segundo Maria Fernanda de Moreira, presidente da Sociedade de Beneficência de Damas Portuguesas (SBDP), entidade que projetou e construiu o Lar, a covid-19 criou muitos desafios às associações de beneficência luso-venezuelanas, que apesar da situação continuaram a dar resposta aos compatriotas.
Segundo Maria Fernanda de Moreira, a pandemia criou também “muitas dificuldades a muitos portugueses, que agora não ajudam tanto como antes, e levou inclusive muitos empresários a fechar os seus negócios”.
Estas iniciativas, disse, são muito importantes porque “os custos triplicaram” durante a pandemia, período em que a ajuda do Governo português foi importante para fazer frente às dificuldades.
Criado em 1999 e com capacidade para albergar uma centena de pessoas, o Lar da Terceira Idade Padre Joaquim Ferreira foi projetado pela comunidade portuguesa da Venezuela e impulsionado pela Sociedade de Beneficência de Damas Portuguesas de Caracas.
O lar homenageia o padre Joaquim Ferreira, membro fundador e guia espiritual daquela associação benemérita, tem uma área de construção de cinco mil metros e 11 mil de zonas verdes e está situado na urbanização Los Anaucos Norte, 15 minutos a sul de Caracas.
NR/HN/LUSA
0 Comments