O estudo científico elaborado por Ana Valado, docente e investigadora da Escola Superior de Tecnologia da Saúde (ESTeSC) do Politécnico de Coimbra (IPC), mostra “que o potencial bioativo da carragenana, elemento presente na gelatina vegetal, faz baixar os níveis de colesterol no sangue”, anunciou hoje o IPC em comunicado enviado à agência Lusa.
Ana Valado, citada na nota, explica que “este carboidrato é obtido a partir de extratos de algas marinhas e reduz a porção de lípidos no sangue, isto é, a quantidade de gordura acumulada”.
A responsável constata que as alterações no perfil lipídico provocadas pelo uso da substância na produção de gelatina vegetal conduzem a “uma diminuição significativa nos níveis de colesterol”.
De acordo com o mesmo estudo científico da ESTeSC-IPC, a carragenana, “além de contribuir para a não acumulação de gordura no sangue”, funciona como antioxidante, anticoagulante, anticancerígeno, antifúngico e antiviral.
“Estas características, a par de se tratar de uma substância que facilmente incorpora uma solução aquosa, permitindo a formação de géis sem alterar o sabor ou a cor, fazem da carragenana um elemento já amplamente usado na indústria alimentar, como espessante, gelificante e estabilizante para a produção de leite achocolatado, requeijão, cerveja e molhos”, acrescenta.
A docente e investigadora explica que “foi feita uma comparação de análises sanguíneas em voluntários, antes e após um período de 60 dias, durante o qual consumiram diariamente 100 ml de gelatina vegetal”.
“Os indivíduos que participaram no estudo apresentavam níveis elevados de colesterol, sendo tanto do sexo feminino como masculino, com idades compreendidas entre os 20 e os 64 anos, seguindo uma dieta mediterrânea”, lê-se.
A nota sublinha que “a redução dos níveis de colesterol provocada pela ingestão de gelatina vegetal, aliada a um estilo de vida saudável, contribui para a prevenção ou diminuição das doenças cardiovasculares, principal causa de morte em todo o mundo”.
A mesma tendência verifica-se também em Portugal, onde, anualmente, “cerca de 31% dos óbitos se devem a patologias do foro cardiovascular”, adianta a nota do IPC.
Os vários colaboradores da investigação apontam a “necessidade de reduzir a taxa de mortalidade” como uma das motivações para o estudo.
Também enaltecem o objetivo de mostrar que, apesar de culturalmente menos usual, “uma dieta mediterrânea é capaz de usufruir dos benefícios da ingestão de algas marinhas, que são ricas em minerais, vitaminas e fibras e pobres em gorduras, algo característico dos países asiáticos, como o Japão, onde a incidência de doenças cardiovasculares é reduzida e a esperança média de vida é maior”, conclui a docente e investigadora Ana Valado.
LUSA/HN
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