Três funcionários do Governo de Xangai demitidos devido a surto

8 de Abril 2022

Três funcionários do Governo de Xangai foram demitidos, devido a um surto de covid-19 que levou a medidas de confinamento altamente restritivas na cidade mais populosa da China

O comunicado oficial emitido hoje não dá detalhes das alegações contra os três funcionários, mas indica que o vírus se alastrou pela cidade devido à sua negligência em cumprir com os seus deveres na prevenção e controlo da epidemia, o que teve “sério impacto” nos esforços para controlar o surto.

O aviso identificou os demitidos como Cai Yongqiang, Xu Jianjun e Huang Wei, todos funcionários de distrito, bairro ou município.

Xangai diagnosticou mais de 21.000 casos nas últimas 24 horas. No total, o surto que começou no mês passado fez já mais de 100.000 casos, tornando-se um dos mais graves da China, desde que o vírus foi detetado, pela primeira vez, na cidade de Wuhan, no final de 2019.

Xangai colocou todos os 26 milhões de moradores em confinamento e implementou testes em massa, exigindo que quem testa positivo seja isolado em instalações designadas pelo Governo.

Alguns moradores receberam pacotes de alimentos do Governo, contendo carne e legumes. Muitos, no entanto, estão a tentar obter arroz e outros produtos básicos, com o fornecimento esgotado e os serviços de entrega incapazes de acompanhar a procura.

Sem nenhuma palavra das autoridades sobre o fim do bloqueio, a ansiedade está a aumentar, juntamente com a frustração, pela aparente falta de preparação da cidade para um bloqueio prolongado.

As viagens de entrada e saída de Xangai praticamente pararam e as ruas movimentadas da cidade estão desertas, frequentadas apenas pela polícia, profissionais de saúde e moradores que se apresentam para os testes.

A China impôs repetidamente longos bloqueios em massa ao longo dos dois anos da epidemia. Xangai, no entanto, escapou em grande parte das medidas mais rígidas.

A cidade é lar de muitos dos cidadãos mais ricos, bem-educados e cosmopolitas da China. Inicialmente, as autoridades anunciaram um bloqueio em duas fases, a partir de 28 de março, e com duração não superior a oito dias, no total. Com pouco aviso prévio, os moradores fizeram uma corrida aos supermercados, deixando as prateleiras vazias.

Estas medidas foram prolongadas, desde então, deixando muitas famílias, que se prepararam para um período limitado de quarentena, sem mantimentos.

As autoridades disseram que vão determinar as etapas futuras, com base nos resultados dos testes, mas não deram ainda detalhes.

A liderança do Partido Comunista em Pequim está a trabalhar para reprimir as reclamações, sobretudo através da censura das redes sociais, visando impedir que a insatisfação se torne numa questão política, antes de um importante congresso do Partido, que se realiza no final deste ano.

As autoridades dizem que Xangai, que abriga o porto mais movimentado do mundo e a principal praça financeira da China continental, tem comida suficiente.

Pequim disse que está a tentar reduzir o impacto da sua estratégia de ‘tolerância zero’ ao vírus, mas as autoridades continuam a impor restrições, que também levaram ao bloqueio das cidades industriais de Shenyang, Changchun e Jilin, no nordeste.

Enquanto isso, as punições impostas a funcionários considerados insuficientemente rigorosos parecem estar a incentivar os governos locais a tomarem medidas extremas.

Dezenas de funcionários locais em todo o país foram demitidos ou punidos, embora ninguém do Governo central tenha sido responsabilizado.

NR/&HN/LUSA

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