O reforço da cooperação entre os dois países era o objetivo da visita do chefe de Estado são-tomense, a primeira que realizou ao estrangeiro desde a sua eleição em setembro passado, e Carlos Vila Nova considerou ter “cumprido a missão”.
“As relações já eram excelentes de facto e, ao escolher Portugal para fazer a primeira visita oficial ao estrangeiro, ao nível de Estado, quis sublinhar claramente a importância das relações e deixar o meu compromisso para o fortalecimento dessas mesmas relações”, afirmou, em entrevista à Lusa, o Presidente da República são-tomense.
Portugal e São Tomé e Príncipe assinaram no final do ano passado o Programa Estratégico de Cooperação, no valor de 60 milhões de euros até 2025, e esta visita pretendeu “realçar o interesse” em áreas de “interesse elevado”, disse Vila Nova, destacando ter tido “o acolhimento das autoridades portuguesas a todos os níveis”.
Durante a sua visita, Carlos Vila Nova foi recebido pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, pelo presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, e pelo primeiro-ministro, António Costa, além de ter visitado as câmaras de Lisboa e de Oeiras e a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, e de se ter reunido com empresas portuguesas.
Na saúde, por exemplo, São Tomé quis explorar a possibilidade de ter valências de diagnóstico e tratamento no país, o que permitiria “aliviar a pressão que o próprio Estado português também sofre de uma maneira indireta”, ao receber pacientes são-tomenses.
“Era uma forma de nós fazermos um melhor aproveitamento do que são os recursos financeiros disponíveis e então termos condições de efetuar esse tratamento” no país, comentou.
Uma dessas valências, adiantou o Presidente português, no final do encontro com o seu homólogo são-tomense, na terça-feira, é a criação de um centro de hemodiálise em São Tomé e Príncipe.
Na mobilidade, as demoras na obtenção de vistos de cidadãos são-tomenses para viajarem para Portugal, que Marcelo Rebelo de Sousa classificou como “um quisto”, Vila Nova disse acreditar que este “será retirado, o que facilitará o processo de obtenção de vistos de lá para cá”.
Os cidadãos portugueses e de países da União Europeia e da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) não precisam de visto para curtas estadas em São Tomé e Príncipe.
Sobre a pirataria marítima no golfo da Guiné, área em que Portugal presta um acompanhamento “muito importante com equipamentos e na formação”, com a presença do navio patrulha “Zaire” nas águas são-tomenses, os dois países consideraram que, “face ao contexto atual”, justifica-se uma “maior atenção a este fenómeno e integrar inclusivamente outros parceiros neste processo”.
Após o encontro, no Palácio de Belém na terça-feira passada, o Presidente português prometeu o apoio de Portugal em termos de cooperação, e também na organização das próximas eleições legislativas, autárquicas e regional, marcadas para 25 de setembro, e para fazer face aos prejuízos causados pelas fortes chuvas que atingiram o país no final de dezembro, orçados em 33 milhões de euros.
LUSA/HN
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