Especialista alerta que obesidade “está a ganhar proporções de uma verdadeira pandemia”

11 de Abril 2022

Segundo Joana Louro, médica especialista em Medicina Interna e diabetes, o número de doentes com obesidade é "assustador", tornando-se numa nova pandemia. A especialista lamentou nas Jornadas Nacionais Patient Care que a obesidade não seja encarada como uma doença crónica com elevado risco de morbilidade e mortalidade.

A obesidade foi um dos principais temas em destaque no último dia das Jornadas Nacionais Patient Care. Sob o mote “Se não sabe, porque não pergunta? Casos reais”, Joana Louro,  internista do Centro Hospitalar do Oeste, Unidade de Caldas da Rainha, alertou que a obesidade “está a ganhar proporções de uma verdadeira pandemia”.

Segundo a especialista a obesidade é um problema “muito sério” para o qual é preciso um olhar mais atento. “Temos que nos habituar a olhar para outras entidades com a mesma gravidade e com a mesma pressão que com os números da Covid-19”, aponta.

O aumento da prevalência da obesidade e o seu impacto noutras doenças é uma das preocupações dos especialistas. Joana Louro chama a atenção para “proporções verdadeiramente assustadoras”. Estima-se que a nível nacional, seis em cada dez portugueses tem excesso de peso ou obesidade, tornando-se no sexto fator de risco com maior impacto na mortalidade.

“Os números são assustadores e continuamos sem olhar para esta entidade com o impacto e importância que tem”, lamentou a internista que prevê o cenário da obesidade “não vai melhorar”, e que pelo contrário, “vai-se mesmo complicar”.

Na intervenção que durou cerca de meia hora, a membro da direção do Núcleo de Estudos de Diabetes da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, destacou que a obesidade está associada a outras doenças, aumentado, assim, o risco de comorbilidade e mortalidade.

Joana Louro lamentou que a obesidade não seja vista como uma doença. “Tratamos a hipertensão, a diabetes, a dislipidemia… Tratamos tudo o que é doença crónica, mas não tratamos a obesidade. Não queremos ver esta entidade como uma doença que exige diagnóstico e tratamento”.

A especialista defendeu a necessidade de acabar com os mitos associados à doença, pois nestes doentes “há um mecanismo adaptativo fisiológico após a perda de peso”. Isto significa que mesmo quando é conseguida uma perda de peso, o organismo do doente obeso adapta-se para ganhar peso.

“Durante muito tempo insistiu-se nas alterações de vida e passava-se para os procedimentos cirúrgicos, mas isso revelou-se ineficaz. Hoje em dia há opções farmacológicas benéficas aprovados por entidades médicas”, admitiu Joana Louro.

A médica frisou que “os tratamentos cirúrgicos não conseguiram os êxitos de que estávamos à espera”, defendendo, por isso, a atuação na fisiopatologia da doença”.

No final da intervenção, Joana Louro concluiu que é preciso juntar esforços para combater a “inércia médica”. “A obesidade é uma das doenças mais prevalentes, mais subvalorizadas, menos diagnosticada e menos tratadas da atualidade”.

HN/Vaishaly Camões

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