Portugal é um país em risco de extinção.
Exagero à parte tentaremos demonstrá-lo sucintamente.
O envelhecimento populacional é um dado socio-demográfico inequívoco. Os números estimados pelo Instituto Nacional de Estatística – para 2080 – dizem que passaremos de 147 para 317 idosos por cada 100 jovens.
Quem iniciar hoje ou amanhã a sua vida profissional e carreira contributivo para a Segurança Social vai, no tempo da suas reformas, receber o quê e como?
Em 2020 – o ano em que o SARS-CoV-2 nos começou a atingir – tínhamos 1 milhão de cidadãos acima dos 75 anos de idade.
O número de óbitos só pela infecção COVID-19 aproxima-se, para esse escalão etário, dos 2% e o problema não está ainda resolvido, pese embora o esquecimento aparente…
Por outro lado a complexidade na saúde dos indivíduos mais velhos radica no impacto e custos das doenças contraídas e associadas, leiam-se diabetes, hipertensão arterial, insuficiência cardíaca, doenças neurológicas, DPOC, obesidade ou problemas oncológicos.
Infelizmente a todos estes quadros corresponde igualmente uma mortalidade que se vai juntar à provocada pela Pandemia.
Do outro lado temos os índices de nascimentos em queda, com e sem confinamento, os mais jovens representando uma realidade que terá inúmeros factores para compreensão.
Por exemplo, falta emprego adequado à formação e com estabilidade e ofertas motivadoras, sem o que as saídas para o estrangeiro são tentadoras e de longo prazo.
A habitação é outro problema conhecido e caríssimo. Para comprar ou alugar os preços são proibitivos e escasseiam as oportunidades.
A desertificação do interior do país faz convergir para o litoral e principais centros urbanos muita gente.
Em matéria de saúde pública a política de reforço e actuação sobre os factores de risco modificáveis para a promoção da saúde ou são intermitentes ou episódicos. O tabagismo, a alimentação não saudável ou a sua difusão, os consumos de álcool e substâncias psicoactivas e a complacência com tais práticas e excessos, as estúpidas vagas de anúncios a actividades de jogo a dinheiro, o sedentarismo e a falta de incentivos fiscais a boas práticas de cidadania e por aí fora, são dimensões esquecidas e quiçá compreendidas em Estados autistas ou que precisem de se expor às negociações de maiorias canhotas.
A verdade é que em Portugal, em 2016, por ausência de medidas bem planeadas perdemos mais de 40% do total de anos de vida saudável por mortes prematuras evitáveis.
Os emigrantes lusos continuam às centenas de milhar a fazer e a viver as suas vidas pelo mundo fora. Muitos só regressam ou regressarão velhinhos, já com as suas reformas de fora e deixando nesses destinos os filhos e os netos, quantas vezes já com dupla nacionalidade.
A questão do risco de extinção de Portugal é em primeiro lugar e desde logo aritmética.
Quantos somos, quantos éramos?
Se morrem os mais velhos mais depressa e ao todo nascem menos crianças, como pode crescer o saldo demográfico?
Depois é uma questão de capacidade política e de competência ministerial.
O País precisa de soluções reformistas em todos os domínios.
De estratégias de prazo e consistência prolongada.
Se um governo de maioria absoluta o não propõe, o não projecta e o não concretiza é uma legislatura perdida e um custo que a História marcará como verdadeiramente demencial.
Sobretudo quando, como nesta altura, saímos de uma Pandemia, vivemos sob uma guerra na Europa que é já europeia e corre o risco de se tornar mundial…
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