Este prémio, no valor de 300 mil euros, vai permitir contratar e formar as pessoas que durante nove meses vão acompanhar quem integra este ensaio clínico.
Este projeto “pretende avaliar os resultados de uma intervenção que se destina a melhorar a continuidade e a qualidade dos cuidados a pessoas com doença mental grave, que, infelizmente, muitas vezes têm uma grande descontinuidade nos cuidados que deveriam receber”, detalhou à Lusa a especialista do CHULN. “Muitas vezes, o que recebem limita-se a questões farmacológicas e estas pessoas têm necessidades mais amplas”, para se evitar uma “situação de ‘porta giratória’ em internamentos, por vezes compulsivos”.
Serão selecionados cerca de 150 doentes saídos de internamentos no Centro Universitário Hospitalar Lisboa Norte, Centro Hospitalar Lisboa Ocidental e Hospital Beatriz Ângelo. O objetivo agora é contratar quatro pessoas para cada um dos três serviços, formando dois pares por serviço. Cada um destes pares receberá formação para prestar cuidados a pessoas com problemas de saúde mental grave, sendo que uma das principais inovações deste ensaio é o facto de uma das pessoas destes grupos ser alguém que passou por uma experiência de doença mental grave, mas já recuperada ou estabilizada.
Metade dos doentes saídos do internamento serão acompanhados por estas pessoas, que os ajudarão na fase de transição a retomar as rotinas diárias. Os doentes que integrarem a amostra deste projeto serão avaliados em diversos parâmetros e em três momentos: no início, nove meses depois e aos 18 meses, para avaliação dos efeitos. O ensaio está estruturado de forma que haja uma intervenção muito intensiva nos primeiros três meses, explica a psiquiatra, e depois vai havendo uma identificação e uma ligação às estruturas que já existem na comunidade, para que estas pessoas não fiquem depois sem apoio.
“As pessoas quando têm doenças desta magnitude e desta gravidade precisam não só de tratar os seus sintomas mais óbvios – são doenças psicóticas, muitas vezes com delírios e alucinações – mas também de redescobrir um sentido para a sua vida, mesmo com uma doença ou com limitações que tenham”, defende Manuela Silva. Para isso, “não basta ter consultas de vez em quando. Precisam de apoio na gestão da medicação, de perceber quais as dificuldades que encontram na gestão da vida diária, na procura de emprego ou de uma outra ocupação”, acrescentou.
CHULN/HN
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