A vacina, conhecida como RTS,S/AS01E e comercializada sob a marca Mosquirix, visa crianças, uma vez que mais de três quartos das mortes por malária ocorrem em menores de cinco anos, de acordo com o último relatório da OMS.
Os resultados de um estudo piloto da OMS realizado no Gana, Quénia e Malawi, mostraram que a vacina pioneira causou uma redução significativa da malária grave e da hospitalização entre as crianças vacinadas.
Isto significa que mais países da África Subsaariana irão em breve receber a vacina, afirma John Bawa, líder africano na implementação da vacina no Programa para a Tecnologia Apropriada na Saúde (PATH).
Estas descobertas abrem caminho a um esquema de distribuição alargado que verá países como Moçambique, Nigéria e Zâmbia receberem as vacinas, disse Bawa durante um webinar dedicado à doença.
“O próximo passo é a distribuição da vacina para outros países endémicos. Espera-se que os países interessados na vacina se candidatem à GAVI de Junho a Setembro”, disse Bawa durante o webinar organizado pela African Media and Malaria Research Network (AMMREN), PATH e Kintampo Health Research Centre (KHRC).
“Países como Moçambique, Uganda, Zâmbia e Nigéria já manifestaram oficialmente interesse pela vacina”, disse Bawa.
Segundo o responsável, a cobertura da vacina contra a malária no Malawi era de 88 por cento em 2020 e de 93 por cento em 2021. No Gana, era de 71 por cento em 2020 e de 76 por cento em 2021 e no Quénia, era de 69 por cento em 2020 e de 83 por cento em 2021.
“Estes números indicam uma forte procura comunitária e a capacidade das plataformas de vacinação infantil para fornecer efetivamente a vacina às crianças”, disse Bawa.
Atualmente, 1 milhão de crianças no Gana, Quénia e Malawi receberam pelo menos uma dose da primeira vacina contra a malária.
Estas vacinas foram distribuídas no âmbito de um esquema piloto organizado pela OMS. A organização recomendou agora a vacina para utilização entre crianças em áreas com uma taxa de transmissão moderada a elevada da malária.
“Esta vacina não é apenas um avanço científico, é uma mudança de vida para as famílias em toda a África. Demonstra o poder da ciência e da inovação para a saúde”, disse o Director-Geral da OMS, Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus.
Aquisição de vacinas
Num acordo para aumentar o fornecimento e cobertura de vacinas, a GlaxoSmithKline, produtores da vacina RTS,S, irá transferir tecnologia e patente para a Bharat Biotech na Índia para fabricar as vacinas.
A OMS, num comunicado de imprensa, afirmou que foram assegurados mais de 155 milhões de dólares da Gavi, a Vaccine Alliance, para apoiar a introdução, aquisição e entrega da vacina contra a malária nos países da África subsaariana elegíveis para a Gavi.
A organização disse que iria fornecer orientação aos países que estão a considerar a utilização de vacinas para a redução de doenças infantis e mortes causadas pela malária.
“Para alguns países, a Gavi está a pagar cerca de 80% [do] custo da vacina, enquanto se espera que o governo do país pague os [restantes] 20%”, disse Bawa.
Wellington Oyibo, director do Centro de Diagnóstico, Investigação, Capacitação e Política da Malária da Universidade de Lagos, instou os líderes africanos a garantir que os seus fundos de contrapartida estejam disponíveis para comprar a vacina.
Ele disse que o governo nigeriano e o projecto de erradicação da malária da Fundação Príncipe Ned Nwoko se candidataram à compra da vacina para as crianças nigerianas.
Oyibo disse que, embora o lançamento inicial da vacina possa não circular pelo país, o governo nigeriano selecionou os estados com o maior fardo da malária para começar.
NR/HN/Alphagalileo
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