Em Portugal existem cerca de dois milhões de hipertensos, de acordo com os dados do Programa Nacional das Doenças Cérebro-Cardiovasculares. No entanto, metade destas pessoas desconhece que sofre de tensão arterial elevada, e só um quarto dos hipertensos têm a tensão controlada. O motivo é simples: não há sintomas imediatos e, sem medições, a hipertensão não é diagnosticada e, por consequência, não é tratada.
No Dia Mundial da Hipertensão, assinalado a 17 de maio, procuramos informar os portugueses sobre o diagnóstico, prevenção e tratamento desta doença.
Como surge a hipertensão?
A circulação do sangue, que tem por destino chegar a todos os tecidos e células do organismo, implica que haja alguma pressão sobre as paredes das artérias. Esta pressão, que é normal e até essencial para que o sangue atinja o seu destino, é a chamada “tensão arterial”. Existem, contudo, uma série de fatores de ordem genética ou ambiental que podem fazer com que esta pressão sobre as paredes das artérias aumente em excesso e se crie um cenário de hipertensão.
Neste cenário de hipertensão, o coração tem de se esforçar mais para fazer o sangue circular. Nestes casos, o esforço pode levar a que a massa muscular do coração aumente, fazendo com que o volume do coração se torne maior – a chamada hipertrofia cardíaca.
Numa primeira fase, o aumento muscular cardíaco não representa qualquer problema. Contudo, com o passar do tempo, esta hipertrofia pode levar a insuficiência cardíaca, angina de peito ou arritmia. Para além disso, esse aumento da pressão nas paredes dos vasos sanguíneos provoca a deterioração das paredes das artérias, o que aumenta o risco de aterosclerose e trombose (formação de coágulos). Nos casos mais graves, podem até levar à formação de aneurismas e hemorragias cerebrais, devido ao enfraquecimento das paredes das artérias.
Embora os valores de pressão arterial considerados suficientemente altos para justificarem a toma de medicamentos dependam de pessoa para pessoa, valores superiores a 140/90 mmHg são sempre considerados elevados, independentemente da idade e de outras doenças de que um indivíduo sofra.
Causas da hipertensão
A hipertensão pode ser causada por doenças renais, doenças endócrinas ou pela toma de alguns fármacos como os anticoncetivos orais. Mas em 95% dos casos a hipertensão não tem uma causa evidente. No entanto, certas situações podem contribuir para um aumento da pressão arterial. É o caso de fatores como o envelhecimento, obesidade, diabetes, ingestão elevada de sal e stresse emocional.
A hipertensão arterial geralmente não tem sintomas, mas podem existir alguns sinais de alarme como tonturas, hemorragias nasais ou dores de cabeça repetidas e intensas. Assim sendo, é muito importante o controlo dos níveis da pressão arterial com regularidade.
Para que a medição seja o mais correta possível deve fazê-la de forma relaxada, e em repouso, não fumar antes da medição, não tomar café ou chá antes e não estar com a bexiga cheia.
Medidas não farmacológicas
Mudar alguns hábitos de vida é fundamental. A prática de atividade física regular consegue, muitas vezes, uma descida significativa dos níveis da tensão. Deve, por isso, realizar exercícios que compreendam movimentos cíclicos – natação, a marcha, a corrida ou a dança – e evitar esforços físicos bruscos – levantar pesos ou empurrar objetos pesados – pois aumentam a pressão arterial durante o esforço.
Adicionalmente, deve também deixar de se utilizar sal de mesa e substituí-lo por condimentos alternativos, como ervas aromáticas ou sumo de limão. Evite também todos os alimentos naturalmente salgados ou aos quais tenha sido adicionado sal durante a sua preparação. Não beba bebidas alcoólicas e reduza o excesso de peso, através de uma dieta moderada base de frutas, legumes e saladas.
O cumprimento das medidas não farmacológicas de controlo da pressão arterial permite, seguramente, reduzir as doses e até interromper o uso de medicamentos numa percentagem significativa de doentes com hipertensão moderada.
Medidas farmacológicas
Quando o tratamento sem fármacos não é suficiente, deve então recorrer-se aos antihipertensores. Estes devem ser prescritos pelo médico, segundo as características de cada paciente.
É importante não esquecer que nem todos os doentes reagem da mesma maneira aos diferentes fármacos antihipertensores. Um mesmo fármaco, que controla facilmente a hipertensão num doente, pode causar efeitos secundários intoleráveis noutro. No entanto, dispomos hoje em dia de um arsenal terapêutico em constante progresso que, quando criteriosamente utilizado, permite controlar a hipertensão na esmagadora maioria dos casos, sem interferir com o bem-estar do doente.
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