A educação no século XXI enfrenta complexos desafios que se refletem de forma direta no bem-estar e na saúde dos professores, que pertencem a uma das categorias profissionais mais afetadas pelo stress. Aliás, o stress e o mal-estar docente têm sido, nas últimas décadas, alvo de diversos estudos e inquéritos, revelando, os mais recentes, que os professores portugueses apresentam os mais elevados níveis de stress e burnout da Europa. O Eurydice Report de 2021 aponta para cerca de 90% de docentes em Portugal a declarar sentir stress no seu trabalho.
Para este estado de mal-estar contribuem, seguramente, fatores como o crescente aumento de carga burocrática nas escolas, a falta de reconhecimento da função docente, a indisciplina crescente, o desinteresse/desmotivação dos alunos para os assuntos escolares. Estes agentes serão apenas uma pequena parte das múltiplas justificações para os desafios emocionais que os professores enfrentam, diariamente, com consequências na sua saúde física e mental.
Debate-se, por estes dias, a falta de professores, com milhares de professores perto da reforma nos próximos anos e sem substitutos à vista. Os efeitos já se sentem, com centenas de turmas sem professor em diversas disciplinas. Adotam-se estratégias de remediação emergencial, nem sempre consensuais ou justas para responder às necessidades atuais.
Não havendo número suficiente de novos professores a sair das escolas superiores e universidades e não sendo esta uma carreira, nem remotamente, atrativa para os jovens, importa repensar, com urgência, a profissão e a carreira docente. Importa, acima de tudo, voltar a dignificar uma profissão crucial e de gigantesco impacto em qualquer sociedade.
É de senso comum que cuidar de quem cuida é fundamental. A docência é função de cuidado por excelência. Os professores cuidam dos seus alunos.
E quem cuida dos professores?
0 Comments