Quase metade dos docentes do ensino superior tem mais de 50 anos

28 de Maio 2022

Quase metade dos professores do ensino superior tem mais de 50 anos e são cada vez menos os docentes abaixo dos 40, segundo dados da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC), que mostram uma classe a envelhecer.

No início deste século, um aluno cruzar-se com um professor com menos de 40 anos nos corredores da universidade ou do instituto politécnico era tão usual como é agora encontrar um docente com mais de 50 anos.

No ano letivo de 2001/2002, quase metade dos professores (48%) tinha menos de 40 anos, mas duas décadas depois, representam apenas 21,5% do total de docentes. Por outro lado, os que têm mais de 50 anos passaram de 22,8% para 46%, segundo dados da DGEEC.

O envelhecimento é um dos principais dilemas com que se debatem as instituições de ensino superior, alertou a presidente do Sindicato Nacional do Ensino Superior (SNESup).

“Tem-se falado muito dos professores do ensino básico e secundário, mas temos um problema semelhante no ensino superior. A média etária dos professores está acima dos 50 anos”, disse Mariana Gaio Alves, em declarações à Lusa.

Segundo a responsável, a questão é mais fácil de resolver no ensino superior do que no ensino obrigatório, onde faltam professores e jovens entusiasmados com a ideia de enveredar pela carreira.

Ser professor numa instituição de ensino superior continua a ser atraente e, “se se resolver o problema da precariedade, consegue-se evitar que os alunos venham a ter falta de professores”, defendeu Mariana Gaio Alves.

No início do século, havia cerca de 35 mil docentes nas universidades e politécnicos de instituições particulares e públicas. Em vinte anos, o aumento de professores foi inferior a mil, mas o número de alunos disparou: Passou de cerca de 396 mil para 416 mil este ano.

“No básico e secundário fala-se da necessidade de formar mais professores, nós precisamos de estabilizar carreiras. Temos muitos investigadores e professores que estão precários e estando estabilizados conseguimos ter quadros de trabalhadores nas universidades, politécnicos e centros de investigação mais estáveis”, explicou.

Segundo dados do SNESup, a taxa de precariedade na carreira docente ronda os 42% e entre os investigadores está entre os 70 e os 75%.

“Não podemos chegar a uma situação em que não tenhamos professores e investigadores interessados nestas carreiras e nestas atividades, porque será uma perda para o país”, alertou.

Segundo Mariana Gaio Alves, os “últimos dados do ministério indicam que a precariedade entre os professores aumentou”.

Há uma década – no ano letivo de 2012/2013 – dois em cada três docentes tinham a situação de contratação mais estável: 65,5% encontrava-se em tempo integral e com dedicação exclusiva.

A percentagem foi descendo e, no ano letivo de 2018/19, eram pouco mais de metade (53,1%), segundo uma análise feita pelo SNESup aos dados da DGEEC.

Para o sindicato, a precariedade e o envelhecimento são “dois dos principais problemas dos docentes e investigadores” que serão alvo de debate hoje, durante o Fórum Liberdade e Democracia.

O fórum, promovido pelo SNesup, conta com a participação de meia centena de pessoas que representam associações, empresas, universidades, politécnicos, dirigentes de centros de investigação e representantes de partidos políticos, contou à Lusa a presidente do sindicato.

A ideia é “promover o diálogo e o debate em torno dos problemas que afetam o ensino superior e ciência, assim como procurar fomentar a discussão sobre propostas e medidas políticas a tomar para resolver os problemas e continuar a assegurar qualidade do Ensino Superior e Ciência do nosso país”, disse Mariana Gaio Alves.

LUSA/HN

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