A descoberta, publicada numa revista da especialidade, “potencia a utilização das borras de café como matéria-prima, que de outra forma vai parar a aterros sanitários, uma prática com enormes custos ambientais e económicos, e, ao mesmo tempo, diminui a necessidade do consumo de matérias-primas virgens, usadas até agora nas argamassas de reboco”.
“Por todo o mundo, só em 2021 o consumo de bebidas à base de café foi de cerca de 9.978 milhões de quilos”, sublinha Paula Seabra, investigadora do Instituto de Materiais de Aveiro (CICECO), uma das unidades de investigação da UA.
Segundo a investigadora, dada a enorme quantidade de borras de café que anualmente vão parar às lixeiras do planeta, “é possível a reutilização de resíduos de café moído em novos materiais de construção verdes, destinados a aplicações de termo reboco na construção, num contexto de economia circular”.
Os investigadores concluíram que “se as atuais argamassas de reboco forem constituídas por 10% de borras de café, substituindo o material agregado, usualmente areia”, estas “promovem uma diminuição da condutividade térmica de cerca de 47%, contribuindo para melhorar a eficiência energética dos edifícios”.
Para além das argamassas, as investigadoras estão já a estudar a utilização das borras de café no desenvolvimento de materiais de construção com outros ligantes com baixa condutividade térmica.
Participaram no trabalho de investigação Marinélia Capela, também do CICECO, e investigadores da Universidade de Palermo (Itália) e do Instituto de Nanotecnologia de Lecce (Itália).
LUSA/HN
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