“(…) é já habitual o INEM rejeitar qualquer crítica, mesmo aquelas que são evidentes [e] que não carecem de qualquer prova, o que na nossa perspetiva se apresenta como falta de humildade e (…) de Sentido de Estado”, lê-se no comunicado da Associação Nacional dos Técnicos de Emergência Médica (ANTEM), na sequência da resposta do INEM depois das críticas relacionadas com o incêndio na sua base logística.
Depois de referir que o pedido de demissão do Conselho de Direção do INEM ultrapassa o acontecimento do passado sábado, relacionando-se também, por exemplo, com “as sucessivas situações que têm vindo a público”, a associação sinalizou vários problemas.
Começando pelos tempos de espera, comentou: “No que diz respeito aos tempos de resposta, tempos inferiores a 15 minutos em meio urbano, há vários e os mais diversificados constrangimentos que em muitas situações não permitem este tempo de resposta”, não se tratando de “picos”, mas sim de “ineficácia do sistema”. “No que concerne aos tempos e resposta para áreas remotas, de salientar que existem áreas que ficam a bem mais do que 30 minutos de onde os meios estão, desde logo o tempo é muito superior em muitas situações”, alertou, fazendo ainda questão de ressaltar o tempo que “muitas vezes as tripulações das ambulâncias aguardam pela chegada do meio diferenciado”.
Por outro lado, a ANTEM considera que “não há acompanhamento da evolução nem das melhores práticas dos Serviços Médicos de Emergência”. O manual de boas práticas em trauma elaborado pelo Grupo de Trabalho em Trauma e pela Competência de Emergência Médica da Ordem dos Médicos “data de 2009”, e “a maior parte da literatura distribuída aos TAS (…) data de 2012”, exemplificou.
Seguidamente, a ANTEM recordou as “dezenas de ambulâncias em espera à porta dos hospitais” durante a pandemia de Covid-19, sendo que “a maior parte daqueles pacientes não justificavam sequer transporte ao hospital”, e disse que a formação “se encontra obsoleta”.
Segundo a associação, “nas ambulâncias não existem torniquetes nem protocolo para aplicação destes, um simples dispositivo que salva vidas em caso de hemorragia (trauma)”.
“Por último referir que as certificações desta formação são tantas e tão reconhecidas que os cursos ministrados pelo INEM, validados apenas por este, não têm qualquer valor fora de Portugal, por outro lado o INEM não reconhece programas de educação de entidades reconhecidas mundialmente, mas apenas para os TEPH e TAS, para as outras classes já são reconhecidos, ora o direito de igualdade é uma vez mais colocado em causa”, escreveu a ANTEM, segundo a qual o controlo de qualidade “não pode (…) ser acto do INEM”.
O comunicado termina com a nota de que a ANTEM “e outras entidades já se mostraram disponíveis para colaborar com o INEM” no que diz respeito à formação, “mas o INEM nunca concebeu qualquer resposta”.
PR/HN/Rita Antunes
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