De acordo com o documento “Como lidar com uma Catástrofe Natural”, criado em conjunto pela Ordem dos Psicólogos Portugueses e pela DGS, um incêndio pode afetar os padrões de pensamento e comportamento. As memórias “podem ocorrer a qualquer altura e levar a reacções físicas (por exemplo, o coração acelerado ou suar). Podemos sentir-nos particularmente ansiosos ou nervosos, assustados, angustiados ou mesmo muito tristes. Os nossos padrões de pensamento e comportamento são afectados. Podemos sentir dificuldades de concentração ou em tomar decisões. Podemos dormir e comer pior. Podem ainda surgir sinais físicos, como dores de cabeça ou náuseas. E ainda dificuldades em dormir”, alertam os especialistas.
O que fazer
“Aceitar que as emoções intensas são parte da resposta normal e universal ao impacto emocional e ao stresse causado pelo incêndio” é importante. “Pode parecer melhor ignorar ou evitar experienciar emoções dolorosas, mas elas existem quer lhes prestemos atenção ou não. Por muito dolorosas que sejam, para que os sentimentos intensos passem e diminuam é preciso dar espaço para expressá-los, sozinhos ou junto de outro adulto ou de um profissional especializado, como o caso do psicólogo ou de outro profissional de saúde”, lê-se no comunicado da Ordem dos Psicólogos.
Outros conselhos são: “Dar tempo a nós próprios para nos adaptarmos e fazermos o luto pelas perdas que tivemos, materiais, emocionais ou a perda de um ente querido”; “Pedir o apoio e a ajuda da família e dos amigos, assim como de profissionais ou de grupos de apoio social e organizações, se for necessário”, pois o isolamento “não é saudável”; “Dormir bem, comer bem, fazer exercício (mesmo que seja a última coisa que nos apeteça) também é importante para a saúde e o bem-estar psicológico, assim como fazer actividades que nos ajudem a relaxar”; “Partilhar emoções com outras vítimas do incêndio” e voltar “à rotina e às actividades habituais (ou estabelecer novas rotinas)”.
Por último, a Ordem diz que minimizar a exposição às reportagens dos media sobre o impacto devastador do incêndio pode ajudar.
Crianças e adolescentes
O documento alerta que o medo e a preocupação com a segurança, ficarem mais agitados e chorarem facilmente, terem dificuldade em concentrar-se, isolarem-se, ficarem zangados e “fazerem birra” são reações comuns.
Além disso, podem tornar-se mais agressivos com os pais, irmãos ou amigos e terem queixas físicas, como dor de cabeça ou de barriga, mudanças no desempenho escolar e dificuldade em dormir ou pesadelos.
Como pais ou cuidadores podem ajudar
Como as crianças e adolescentes lidam melhor com os desastres naturais quando compreendem o que se está a passar, os pais ou cuidadores “devem passar algum tempo a falar sobre o incêndio com a criança ou adolescente, deixando-os saber que podem colocar questões e partilhar as suas preocupações e fazendo-os saber que as suas reacções (o que estão a pensar e a sentir) são normais”.
No caso das crianças mais novas, para que se sintam mais seguras e calmas após conversarem sobre o incêndio, os pais ou cuidadores podem ler-lhes a sua história preferida ou fazer uma atividade calma em família.
“Mantenha a criança ou adolescente perto de si e sempre que sair diga-lhe onde vai e quando regressará. E tenha atenção à forma como conversam sobre o incêndio na presença das crianças e adolescentes, uma vez que estes podem interpretar mal o que ouvem e ficar desnecessariamente assustados”, alertam os especialistas.
O documento (disponível aqui) inclui ainda uma parte dedicada aos idosos e à comunidade.
PR/HN/RA
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