“A conquista do Maláui mudou a vida de milhões de crianças que corriam o risco desta doença devastadora. (…) Com o Maláui a mostrar o caminho, espero que outros países endémicos na África Austral priorizem a luta contra doenças negligenciadas que causam sofrimento incalculável às populações vulneráveis”, disse a diretora regional da OMS para África, Matshidiso Moeti.
Citada num comunicado ontem divulgado, Moeti lembrou que o tracoma “resulta em complicações tardias dolorosas que levam ao comprometimento da visão, uma deficiência ao longo da vida que causa dificuldades emocionais e económicas significativas para as famílias”.
Globalmente, o Maláui é o 15.º país a ser validado pela OMS como tendo eliminado o tracoma como problema de saúde pública, depois do Camboja, China, Irão, Laos, Gâmbia, Gana, México, Marrocos, Myanmar (antiga Birmânia), Nepal, Omã, Arábia Saudita, Togo e Vanuatu.
A doença continua a ser um problema de saúde pública em 42 países, 28 dos quais em África, estimando-se que 125 milhões de pessoas vivam em áreas onde a doença é endémica, referiu a OMS.
África é desproporcionadamente afetado pelo tracoma, com 111 milhões de pessoas a viver em zonas de risco, o que equivale a 89% do peso global da doença.
No entanto, a OMS destaca alguns progressos na luta contra a doença, como uma redução de 38% – de 178 para 111 milhões – do número de pessoas que precisavam de antibiótico contra o tracoma em África entre 2016 e junho de 2022.
O tracoma era endémico no Maláui desde os anos 80 do século passado, mas foi apenas em 2008, quando a OMS e a organização não-governamental Sightsavers realizaram um estudo no país, que a doença recebeu a atenção devida.
Em 2015, o país registou 7,6 milhões de pessoas em risco de tracoma, sublinha o comunicado.
A estratégia de controlo do tracoma aplicada no Maláui, com o apoio da OMS e de outros parceiros, incluiu um quadro de oftalmologistas para tratar o estádio de cegueira do tracoma, a administração de antibióticos em massa e campanhas de consciencialização pública para promover a limpeza facial e a higiene pessoal, bem como a melhoria dos serviços de água, saneamento e higiene.
A OMS está a ajudar as autoridades sanitárias do país a monitorizarem de perto as comunidades onde a doença era endémica para garantir que qualquer ressurgimento tem uma resposta rápida.
O tracoma, provocado pela bactéria ‘Chlamydia trachomatis’, é a maior causa infecciosa de cegueira.
A infeção passa de pessoa para pessoa através de dedos, objetos ou moscas contaminados após contacto com o nariz ou os olhos de uma pessoa infetada.
A doença afeta sobretudo comunidades rurais remotas e atinge principalmente as crianças, tornando-se menos comum com a idade.
LUSA/HN
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