O fungo Aspergillus transmite-se pelo ar, mas para a maioria das pessoas saudáveis, não traz problemas. No entanto, quem tem o sistema imunitário sensível – porque recebeu transplante, tem um tumor, está em terapia intensiva ou tem covid-19 – pode desenvolver aspergilose pulmonar invasiva, que sem tratamento rápido pode ser fatal. A cada ano, globalmente há 30 milhões de pessoas em risco de desenvolver essa infeção e 300.000 novos casos diagnosticados.
Apesar dos recentes avanços, o diagnóstico e o tratamento desta infeção são um sério desafio médico. Como é que só certas pessoas têm aspergilose, nomeadamente as de imunidade reduzida? Cristina Cunha vai assim estudar fatores específicos que alteram o equilíbrio da comunidade de microrganismos que habita os pulmões desses doentes e pormenorizar como o fungo ataca. “As infeções fúngicas oportunistas são um problema crescente e com taxas de mortalidade associadas superiores a 30%, logo torna-se muito relevante estudar esta área na tentativa de identificar alternativas terapêuticas”, realça a cientista.
Nota biográfica
Cristina Cunha nasceu e vive em Braga. É licenciada em Biologia pela UMinho, doutorada em Biologia e Medicina Experimental pela Universidade de Perugia (Itália) e pós-doutorada pela UMinho. Atualmente, é investigadora auxiliar no ICVS-UMinho, onde pesquisa a genética e a imunologia em doenças infeciosas e inflamatórias. Já obteve bolsas do Institut Mérieux (França), da Gilead Sciences (EUA), da Fundação Bial e da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, participando ainda noutros 19 projetos como investigadora. Tem uma centena de publicações científicas e sete capítulos de livros, além de dez prémios nacionais e internacionais.
Promovido pela Fundação ”la Caixa”, o concurso que agora distinguiu Cristina Cunha é o único do género na investigação biomédica ibérica. Este ano atribui mais de 23 milhões de euros a 33 projetos, sendo 13 deles em Portugal. A presente edição envolveu 546 candidaturas. Este concurso anual nasceu em 2018 e já atribuiu 95 milhões de euros a 135 projetos de excelência na investigação básica, clínica e translacional na área das neurociências e das doenças cardiovasculares, infeciosas e oncológicas. No último ano, foram distinguidos três projetos da UMinho, com as equipas de Joana Azeredo (Escola de Engenharia), João Filipe Oliveira (Escola de Medicina) e Pedro Alpuim (Escola de Ciências).
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