Teleconsulta de cardiologia em Arouca evitou deslocação de 80 quilómetros a 200 utentes

28 de Setembro 2022

A teleconsulta de Cardiologia que o Hospital São Sebastião testou em Arouca durante um ano evitou 80 quilómetros de deslocações individuais a 200 utentes, revelou hoje essa unidade, que agora disponibilizará formalmente essa valência no município serrano.

Em causa está um projeto do Centro Hospitalar do Entre Douro e Vouga (CHEDV), que, tendo sede em Santa Maria da Feira, está localizado a significativa distância do outro concelho do distrito de Aveiro, pelo que as viagens entre ambos os destinos normalmente implicam 40 a 70 minutos em cada sentido.

Foi para evitar essas deslocações que o hospital iniciou em outubro de 2021 um programa-piloto destinado a verificar a eficácia de uma consulta de cardiologia realizada por via remota, com o médico instalado na Feira e o doente no Centro de Saúde de Arouca.

O presidente do conselho de administração do CHEDV, Miguel Paiva, diz agora à Lusa que a experiência “foi um sucesso” e que, por isso mesmo, a teleconsulta de Cardiologia passará a funcionar em moldes definitivos em Arouca a partir de outubro.

O mesmo responsável adianta que, face aos bons resultados da iniciativa, também será estudada “a possibilidade de expandir a teleconsulta a outros concelhos da área de influência do CHEDV”, já que, no território de cerca de 350.000 utentes servidos pela estrutura, Arouca será o município mais afastado de Santa Maria da Feira, mas Vale de Cambra também tem residentes a 40 a 60 quilómetros de distância, em zonas rurais de viagens dificultadas pela serra.

Durante os 12 meses da experiência-piloto, as 200 teleconsultas do cardiologista Luís Puga, “impulsionador do projeto”, tiveram caráter opcional, o que significa que só se realizaram nesses moldes porque os respetivos utentes preferiram o formato remoto em vez de uma deslocação presencial ao Hospital São Sebastião.

Para o diretor do Serviço de Cardiologia do CHEDV, Rui Baptista, a prioridade agora é que essas consultas continuem a ser rápidas e cómodas, para o utente não descurar os cuidados de que precisa.

Nessa perspetiva, o projeto teve em consideração necessidades próprias da faixa etária mais sujeita a problemas cardíacos: “Tentámos implementar um sistema apropriado ao tipo de população que servimos, porque a utilização de meios informáticos por doentes mais idosos ou mais infoexcluídos não é fácil. Portanto, criámos uma consulta que tivesse lugar no centro de saúde, ao qual o utente já se sabe deslocar, e assegurámos à teleconsulta o acompanhamento direto de um enfermeiro que atua como gestor do doente”.

O cardiologista adianta que, na generalidade dos casos, cada utente é sempre acompanhado pelo mesmo profissional de enfermagem, o que, além de proporcionar “uma enorme homogeneidade dos cuidados”, facilita a ativação do programa informático da teleconsulta, permite fazer a devida “reconciliação terapêutica” e garante que os exames complementares de diagnóstico estão disponíveis no momento do atendimento médico.

“Como o enfermeiro acompanha tudo, esclarece o doente se ele não perceber alguma coisa, faz-lhe uma revisão no final da consulta médica e trata da interação com os seus familiares”, acrescenta Rui Baptista.

A ligação deste serviço ao Centro de Saúde de Arouca agiliza ainda “a realização de alguns exames” que estão disponíveis nessa unidade, “como análises, eletrocardiogramas e raio-X ao tórax”, pelo que, no geral, a teleconsulta de Cardiologia se tem revelado “de alto valor acrescentado” – como o médico diz comprovado, aliás, “pelos inquéritos de satisfação sempre apresentados ao utente no final da consulta”.

LUSA/HN

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