“Um espaço para Minerva. O Jardim Botânico da Universidade de Coimbra” em exposição no Museu Machado de Castro

15 de Outubro 2022

Composta por cerca de 55 objetos, a mostra pode ser visitada até 14 de fevereiro de 2023.

Uma exposição que celebra os 250 anos da Reforma Pombalina da Universidade de Coimbra, é assim que se apresenta, no Museu Nacional Machado de Castro, “Um espaço para Minerva. O Jardim Botânico da Universidade de Coimbra”.

“Tem algo extremamente inovador porque demostra como é que a sociedade civil, ao longo dos últimos 250 anos, olhou para o Jardim Botânico [da Universidade de Coimbra (UC)]”, revela o diretor do Departamento de Ciências da Vida (DCV) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC (FCTUC), Miguel Pardal. “São olhares novos para caminhos que nós já trilhamos, e que não são conhecidos do grande público”.

A exposição, que é composta por cerca de 55 objetos, entre desenhos, modelos botânicos, exemplares de herbário, livros, entre outros, parte dos desenhos inéditos descobertos no Departamento de Ciências da Vida, que são expostos pela primeira vez. O DCV é “realmente o fiel depositário de todos estes planos e todas estas plantas que existiam, mas que não eram do conhecimento público até agora”, explica Miguel Pardal.

Segundo a diretora do Museu Nacional Machado de Castro, Lurdes Craveiro, houve uma junção “de fatores” que levaram ao que “se apresenta nesta exposição”. “Há aqui peças e objetos que, de facto, nunca foram vistos” e que “temos imenso gosto em oferecer à população”. A responsável dá como exemplo o livro que contém projetos para a estufa, original do século XVIII.

A inauguração da exposição “Um espaço para Minerva. O Jardim Botânico da Universidade de Coimbra”, no Museu Nacional Machado de Castro, conta com a parceria do Departamento de Ciências da Vida (Arquivo, Biblioteca e Herbário), do Jardim Botânico da UC, do Museu da Ciência da UC, do Arquivo da Universidade de Coimbra, da Biblioteca Geral da UC e da Reitoria UC. Está patente até 14 de fevereiro de 2023.

No ano em que se celebram os 250 anos da reforma pombalina da Universidade de Coimbra (UC), o Departamento de Ciências da Vida (DCV) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC (FCTUC) dá a conhecer uma coleção de 40 desenhos do Jardim Botânico da Universidade (JBUC), 35 dos quais inéditos, abrangendo um arco temporal de 200 anos.

Os 35 desenhos inéditos da coleção, que fica hoje disponível num catálogo em formato ebook produzido pelo Departamento de Ciências da Vida da FCTUC e editado pela Imprensa da Universidade, foram descobertos em finais de 2021. Ana Margarida Dias da Silva, responsável pelo arquivo do DCV, conta que «vários rolos mal-acondicionados e com muito pó, dispostos em prateleiras no extremo do depósito da biblioteca de botânica (no sótão do edifício de S. Bento), chamaram a nossa atenção. Desenrolados com todo o cuidado, foram revelando, um após outro e perante a nossa surpresa e alegria, desenhos para nós desconhecidos e de notória antiguidade».

Após uma limpeza superficial dos achados, prossegue, «um olhar mais atento revelou plantas do Jardim Botânico, bem como plantas e alçados de muros, escadarias, gradeamentos e estufas. Intuímos do seu interesse, mas era urgente investigar datas, autorias, descobrir como tinham ido ali parar e, acima de tudo, se eram, realmente, inéditos».

Foram então consultadas as obras de referência sobre o Jardim Botânico e sobre a reforma pombalina da UC e verificou-se que, «para além dos cinco desenhos do Jardim Botânico pertencentes ao DCV e já conhecidos, não existia nenhuma referência aos desenhos descobertos», nota Ana Margarida Dias da Silva.

Segundo a responsável, a coleção agora tornada pública, e que conta com nomes como Macomboa, José do Couto, Neves e Mello e Cottinelli Telmo, fornece «um novo olhar sobre o processo de construção do JBUC, as soluções arquitetónicas projetadas e as realizadas, no diálogo entre as componentes artística e científica». Espera que «contribua para o melhor conhecimento e novas leituras sobre o que foi idealizado e/ou projetado, o que foi aprovado e o que foi, efetivamente, construído, moldando o Jardim Botânico que hoje conhecemos, simultaneamente espaço de ciência, coleção biológica e um espaço emblemático da Universidade e da cidade de Coimbra».

Os desenhos descobertos revelam ter sido «documentos de trabalho com anotações a lápis, que mostram hesitações e alterações e que ficavam guardados na “gaveta do jardineiro”. Alguns desses desenhos avulsos são reveladores de projetos nunca concretizados ou muito modificados na sua execução. Na verdade, o carácter utilitário destas peças desenhadas poderia ter ditado a sua eliminação, finda a concretização da obra ou a rejeição do projeto», finaliza a especialista da FCTUC.

Por seu lado, o diretor do Departamento de Ciências da Vida, Miguel Pardal, afirma que, «ciente do valor e importância da coleção, o DCV assumiu, desde o primeiro momento, o financiamento do restauro e da digitalização dos desenhos, de forma a garantir a sua preservação e disponibilização para estudos futuros».

O “Catálogo dos desenhos do Jardim Botânico da Universidade de Coimbra. Coleção do Departamento de Ciências da Vida (séculos XVIII a XX)” reúne a totalidade dos desenhos do JBUC pertencentes ao DCV, incluindo os cinco já conhecidos e 35 inéditos (três desenhos do século XVIII, 27 do século XIX e 10 do século XX). As autoras da obra, Ana Margarida Dias da Silva e Maria Teresa Gonçalves, pretendem também disponibilizar online, em acesso aberto, fontes iconográficas essenciais para o estudo da construção e das soluções arquitetónicas escolhidas para o Jardim Botânico.

NR/Universidade de coimbra

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