“Preocupa-nos que se continue a perpetuar a ideia de que a energia nuclear pode ser uma coisa boa. E que até da parte da União Europeia venha agora esta informação e esta classificação de energia verde. Ora, todos sabemos que não é”, disse hoje à agência Lusa a dirigente do Conselho Nacional do PEV e ex-deputada na Assembleia da República Mariana Silva.
A responsável acrescentou que “o investimento na energia limpa é que está demorado”: “Já poderíamos estar mais à frente naquilo que é a energia solar, por exemplo”.
Mariana Silva, que falava na cidade da Guarda, onde uma comitiva do partido colocou, durante a manhã, simbolicamente, uma bandeira negra junto da delegação do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), sinalizando a exploração de lítio naquela região, disse que os planos e as ideias de transição energética estão corretas, mas a aplicação “é que está errada”.
“Nós já deveríamos estar mais à frente naquilo que diz respeito à distribuição de placas solares nos telhados dos edifícios públicos, nos telhados das escolas, nas paragens de autocarro em algumas cidades mais povoadas. Haveria todo um caminho que deveria estar a ser feito já há alguns anos e este investimento foi recusado”, referiu.
Mariana Silva observou que, perante uma pandemia, uma guerra e uma crise energética, “é mais fácil olhar para a energia nuclear e dizer que esta é que é a solução”.
O recurso à energia nuclear é agora “o mais fácil”, mas é um problema que se coloca, face às eventuais consequências que poderá originar para o território e para a saúde das populações, admitiu.
A dirigente do PEV referiu que a central nuclear espanhola de Almaraz, situada perto da fronteira, é uma preocupação, por ser “uma estrutura obsoleta” e “antiga”.
Apontou que, no caso de haver um acidente, “não há planos de prevenção” para acorrer à população que está próxima.
“Continua a ser para nós uma preocupação que o Governo português não tenha um plano, com o Governo espanhol, de finalizar aquela estrutura que poderá não responder tão eficazmente quando existir um problema de segurança”, disse.
A ação do PEV hoje realizada na cidade da Guarda inseriu-se numa jornada do Partido Ecologista pelos distritos da Guarda e de Castelo Branco, onde assinala pontos negros para a biodiversidade, qualidade de vida e segurança das populações, relacionados com a exploração de lítio na envolvente da serra da Estrela, os incêndios que este verão ocorreram no Parque Natural da Serra da Estrela e com a Central Nuclear de Almaraz (localizada próximo da fronteira).
A deslocação da comitiva do PEV pela Beira Interior inclui uma reunião com a Associação dos Amigos da Serra da Estrela (14:00, em Manteigas), para abordar os problemas no Parque Natural da Serra da Estrela, a colocação de um Ponto Negro (relacionado com os incêndios) no Jardim do Lago, na Covilhã (16:00) e a colocação de uma Bandeira Negra (relacionada com a Central Nuclear espanhola de Almaraz) em Castelo Branco.
LUSA/HN
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