Ana Varges Gomes, que falava na comissão parlamentar de Saúde, frisou a importância do investimento, realizado a partir de julho de 2020, notando que permitiu o aumento da atividade assistencial hospitalar e alcançar “uma resposta muito superior à que era dada”.
“Aumentámos o número de profissionais de saúde, um compromisso feito para garantir os profissionais suficientes, a nossa saúde mental e comunitária aumentou, porque criámos mais equipas, temos o maior número de sempre de consultas médicas e sessões de Hospital de Dia e a atividade cirúrgica tem sido sempre crescente”, apontou.
A este respeito, referiu que para além de ter sido aumentada a produção, o centro hospitalar tem “internalizado”, sendo “muito menor o número de doentes que são operados no privado, porque foi criado um plano de incentivos para os profissionais poderem operar dentro do hospital”.
Na audição na comissão de Saúde, onde o conselho de administração do CHUA – que integra os hospitais de Lagos, Portimão e Faro -, foi ouvido a pedido do PSD, a responsável reconheceu alguns constrangimentos, nomeadamente, a capacidade de internamento hospitalar, reconhecendo ser esse “o grande drama” do CHUA.
Entre as novas ofertas do centro hospitalar, está a criação da especialidade de cirurgia vascular, tendo sido realizadas cerca de 200 intervenções, 750 consultas externas.
Além disso, um angiógrafo adquirido recentemente permitiu tratar 78 doentes e realizar 94 exames, equipamento que evita que os doentes com acidentes vasculares cerebrais (AVC) se tenham de deslocar a Lisboa.
“Foi um investimento de um milhão de euros que permitiu reduzir as transferências e que vale a pena para a saúde das pessoas do Algarve, onde os doentes com AVC são muito melhor tratados”, sublinhou.
Segundo a responsável, preveem-se ainda investimentos numa unidade de AVC com equipamento de angiografia, três novos neurologistas, uma equipa multidisciplinar, 14 camas de cuidados intermédios para AVC e 20 camas de internamento pós-agudo para reabilitação intensiva em Faro e Lagos.
Por outro lado, adiantou, o espaço do projeto de procriação medicamente assistida vai ser reabilitado e equipado, através de uma verba de cerca de 1,6 milhões de euros, com o início da obra previsto para janeiro de 2023.
De acordo com Ana Varges Gomes, o CHUA tem vários projetos que foram submetidos a programas de financiamento, “com investimentos importantes, entre eles o projeto do Centro Oftalmológico de referência, investimento de 900 mil euros”.
“No Hospital das Terras do Infante [em Lagos] vamos criar uma equipa dedicada só a oftalmologia, um centro de oftalmologia de alto rendimento, no qual propomos fazer anualmente 9.500 consultas e entre 2.500 a 2.800 cirurgias, o que quer dizer que no segundo ano de funcionamento deixamos de ter lista de espera oftalmológica no Algarve”, notou.
Além disso, existe um projeto “mais ambicioso, como é o caso do Centro Oncológico da região Sul”, com capacidade de realizar todos os exames e tratamentos dos doentes oncológicos.
Questionada pela deputada Catarina Martins (BE) sobre a deslocação dos doentes do Algarve para Sevilha para a realização de tratamentos de radiocirurgia, Ana Varges Gomes lembrou que os doentes de medicina nuclear “também vão para Sevilha”.
“Devemos ter radioterapia dentro da instituição, mas também deveríamos ter medicina nuclear”, referiu a responsável, notando que a “Associação de Doentes Oncológicos tem uma participação de 10% na empresa privada que faz a radioterapia [no Algarve] e a medicina nuclear não tem ninguém que a defenda”.
Segundo Ana Varges Gomes, os doentes oncológicos do Algarve realizam exames de radiocirurgia em Sevilha, no âmbito de um concurso público internacional, no qual o serviço foi atribuído a uma empresa espanhola.
“Os concursos públicos são para ser feitos de acordo com a lei. Se temos um investimento de cinco milhões de euros, eu tenho de abrir um concurso público internacional e, portanto, ganha quem tiver qualidade, segurança e, depois, o preço”, sublinhou.
Interpelada pelo deputado Rui Cristina (PSD), sobre as relações com a direção do Centro Biomédico do Algarve (ABC), um consórcio formado e detido em partes iguais pelo CHUA e pela Universidade do Algarve, Ana Varges Gomes admitiu que “houve um diferendo sobre os ventiladores adquiridos no período da pandemia, mas que foi resolvido”.
Contudo, Ana Varges Gomes admitiu que “existe um problema de base” com o presidente do ABC, Nuno Marques, porque este “não faz reuniões, nem discute as coisas em reunião como deve ser feito com as instituições”.
A responsável lembrou aos deputados que o ABC é um consórcio que não tem personalidade jurídica, daí não ter funcionários, porque quem tem personalidade jurídica é a Associação para o Desenvolvimento do Centro Académico de Investigação e Formação Biomédica do Algarve (AD/ABC).
LUSA/HN
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