Estudo indica que concentração do esperma é metade do que era há 50 anos

15 de Novembro 2022

A concentração de espermatozóides nos homens reduziu-se para metade nas últimas cinco décadas e sobretudo desde o ano 2000 até agora, fenómeno que ocorreu de modo semelhante nos cinco continentes, indica um estudo internacional.

O trabalho, no qual participaram investigadores de Israel, Espanha, Estados Unidos, Dinamarca e Brasil, iniciou-se em 2017 e visava estudar os problemas de fertilidade masculina na Europa, Austrália e América do Norte, tendo sido depois alargado à América Central e do Sul, Ásia e África. Em todos os lugares foram obtidos dados semelhantes sobre a diminuição acelerada da concentração do esperma.

Com base em dados de homens de 53 países, a investigação concluiu que se passou de uma concentração média de 101 milhões de espermatozóides por mililitro em 1973 para 49 milhões por mililitro em 2018.

Entre 1973 e 2000 a diminuição avançou a um ritmo médio de 1,16% por ano, mas a partir da última data a redução anual foi de 2,64% em média, alerta o estudo, citado pela agência noticiosa espanhola EFE.

Embora o trabalho não aprofunde as causas desta diminuição da concentração do esperma, o seu investigador principal – Hagai Levine, da Escola de Saúde Pública Hadassah Braun de Jerusalém – refere em comunicado que outros estudos recentes indicam que alterações no desenvolvimento do sistema reprodutivo durante a fase fetal estão relacionadas com problemas de fertilidade na vida adulta.

Levine adianta que “certos hábitos e os produtos químicos no ambiente estão a afetar negativamente o desenvolvimento fetal”.

Jaime Mendiola, professor de Saúde Pública da Universidade de Múrcia e membro da equipa de investigação, salienta que esta “crise emergente” não é apenas preocupante em relação à fertilidade masculina, sendo também “um indicador do estado de saúde dos homens, dado os níveis baixos (de espermatozóides) estarem associados a um maior risco de doenças crónicas e cancro testicular”.

Adianta que este declínio da qualidade espermática reflete uma crise global relacionada com a atual degradação do meio ambiente e o stressante ritmo da vida em sociedade, com amplas consequências para a sobrevivência da espécie humana.

“Temos nas mãos um grave problema que, se não for mitigado, pode ameaçar a sobrevivência da humanidade”, refere Levine, defendendo ser necessário “fazer um apelo urgente à ação global para promover um ambiente mais saudável para todas as espécies e reduzir exposições e comportamentos que ameaçam a saúde reprodutiva”.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Estudo revela impacto das diferenças de género na doença de Parkinson

Um estudo recente evidencia que as mulheres com Parkinson enfrentam subdiagnóstico e dificuldades no acesso a cuidados especializados. Diferenças hormonais, estigma e expectativas de género agravam a progressão da doença e comprometem a qualidade de vida destas pacientes.

ESEnfC acolhe estudantes europeus em programa inovador de decisão clínica

A Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) recebeu 40 estudantes e oito docentes de Espanha, Finlândia, Itália e Portugal para um programa intensivo sobre competências clínicas e tomada de decisão. O evento combinou atividades online e presenciais, promovendo inovação pedagógica

VéloPsiq: bicicletas no combate ao sedentarismo psiquiátrico

O Hospital de Cascais lançou o Projeto VéloPsiq, uma iniciativa pioneira que utiliza bicicletas ao ar livre para melhorar a saúde física e mental de pacientes psiquiátricos. Com apoio da Câmara Municipal e da Cascais Próxima, o projeto promove reabilitação cardiovascular e bem-estar.

Johnson & Johnson lança série de videocasts sobre cancro da próstata

A Johnson & Johnson Innovative Medicine Portugal lançou a série “Check Up dos Factos – À Conversa Sobre Cancro da Próstata”, um conjunto de quatro vídeocasts que reúne oncologistas e urologistas para discutir temas-chave como NHTs, terapias combinadas e estudos de vida real no CPmHS.

Ronaldo Sousa: “a metáfora da invasão biológica é uma arma contra os migrantes”

Em entrevista exclusiva ao Health News, o Professor Ronaldo Sousa, especialista em invasões biológicas da Universidade do Minho, alerta para os riscos de comparar migrações humanas com invasões biológicas. Ele destaca como essa retórica pode reforçar narrativas xenófobas e distorcer a perceção pública sobre migrantes, enfatizando a necessidade de uma abordagem interdisciplinar para políticas migratórias mais éticas

OMS alcança acordo de princípio sobre tratado pandémico

Os delegados dos Estados membros da Organização Mundial da Saúde (OMS) chegaram este sábado, em Genebra, a um acordo de princípio sobre um texto destinado a reforçar a preparação e a resposta global a futuras pandemias.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights