O Laboratório de Cidades Relacionais vai instalar-se na Casa dos Ferradores, em Gaia, e parte de um protocolo que é assinado quinta-feira entre a empresa municipal Gaiurb e o Instituto Padre António Vieira (IPAV).
“O que se pretende é construir um modelo que mostre como conseguimos nas nossas cidades melhores relações para mais capital social e mais resiliência”, disse Rui Marques do IPAV.
Em declarações à agência Lusa, o responsável partiu do exemplo da pandemia da Covid-19 para explicar a importância do estudo das relações na construção das cidades, sejam relações entre pessoas, entre organizações, entre pessoas e organizações, ou de pessoas com o espaço, quer com o espaço público quer com o edificado.
“Os impactos da pandemia na saúde mental e no bem-estar são muito graves e evidentes. Isto tem uma correlação fortíssima com os défices relacionais que aconteceram durante a pandemia com o isolamento e afastamento social, uso da máscara e o outro como ameaça. Percebemos de forma muito clara que precisamos de cidades mais resilientes e mais coesas com maior capital social, com maiores relações de confiança e de cuidado mútuo. Isso joga-se na qualidade das relações”, desenvolveu.
Rui Marques descreveu o laboratório como “um projeto-piloto, experimental e pioneiro em Portugal” que terá Vila Nova de Gaia como ponto de partida, mas “a ambição de crescer no âmbito nacional e internacional”.
Em causa está um modelo já aplicado em Inglaterra, França ou Estados Unidos.
“Como é que uma cidade pode ter melhor qualidade relacional?” ou “Como é que construímos mais capital social através de melhores relações?” – são algumas das perguntas que este laboratório pretende discutir e esclarecer.
De forma mais simplificada, a este laboratório caberá dar dicas a quem o consultar para que as relações entre os vários agentes melhorem, logo se gere melhor qualidade de vida.
“Isto é um grande desafio porque é certo neste mundo de ambiguidade, de complexidade e de incerteza, vamos continuar a ter problemas como tivemos com a pandemia. O impacto de eventos que são disruptivos vão continuar a existir, portanto temos de conseguir ter cidades mais resilientes. Precisamos de maior confiança e maior proximidade”, descreveu Rui Marques.
Segundo o responsável, a Gaiurb vai emprestar o conhecimento sobre o ambiente urbano, enquanto o IPAV a experiência no desenvolvimento de políticas colaborativas e integradas.
Neste laboratório vão colaborar arquitetos, urbanistas e pessoas ligadas à mobilidade e ao planeamento, com especialistas em sociologia e psicologia, entre outras áreas.
Para janeiro está a ser preparado um seminário internacional sobre “O que é uma cidade relacional?”.
LUSA/HN
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