HealthNews(HN)- Consegue descrever em que condições chegaram ao seu hospital os pacientes com úlceras de pé diabético infetadas?
Michal Deckel (MD)- O primeiro paciente foi internado com bacteremia por Staphylococcus aureus que evoluiu para uma sépsis grave; a sua origem foi a infeção de uma úlcera de pé diabético, associada a celulite, abscesso profundo e osteomielite aguda do primeiro metatarso.
O segundo paciente tinha uma úlcera de pé diabético na área do tendão de Aquiles que se deteriorou devido à infeção por Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA). Após um ano de tratamentos com antimicrobianos, desbridamentos e enxertos de pele, a infeção acabou por se expandir, pelo que este paciente era candidato a amputação abaixo do joelho.
HN- Quando os pacientes atingem esse estadio da doença, terapia fágica é a última opção de tratamento eficaz?
MD- Relativamente ao primeiro paciente, o tratamento para a infeção dos tecidos moles incluiu desbridamento e tratamento com antibióticos, sendo esperado que o dano ósseo causado por esta infeção profunda e grave evoluísse para uma inevitável destruição óssea e articular. O segundo paciente estava associado a um histórico de tratamentos conservadores e limitados.
HN- A fagoterapia era sua última opção?
MD- Sim, especialmente para o segundo paciente.
HN- Por que razão achou que este produto poderia funcionar nestes doentes?
MD- O tratamento destas infeções é caracterizado pela incapacidade de penetração dos antibióticos, por um lado, devido à existência dos constrangimentos vasculares causados pela Diabetes, e por outro lado, pela formação de biofilme bacteriano na ferida. Os fagos têm a vantagem de poder ser aplicados topicamente, multiplicando-se onde as bactérias estão e nos locais onde são verdadeiramente necessários.
HN- O medicamento utilizado nos casos de uso compassivo foi bem tolerada pelos pacientes?
MD- Não foram detetados efeitos secundários.
HN- O que aconteceu aos pacientes?
MD- Ambos os pacientes melhoraram drasticamente.
HN- Como estão agora?
MD- Estão bem e continuam a ser acompanhados em ambulatório.
HN- Atendendo a estes casos qual a sua opinião sobre o produto TP-102?
MD- É um medicamento eficaz para infeções complicadas, nomeadamente com envolvimento de biofilme.
HN- Acredita que a fagoterapia pode ser uma solução para pacientes com úlceras de pé diabético infectadas?
MD- Sim, para úlceras infetadas por bactérias que são suscetíveis aos bacteriófagos ativos disponíveis.
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