A intervenção foi desenhada por Joana Simões e outra colega, no âmbito do seu doutoramento na Faculdade de Psicologia da Universidade de Coimbra, tendo sido o primeiro projeto que tem conhecimento, “feito de forma séria e controlada, com um grupo de participantes robusto, com a intenção de promover a imagem corporal positiva”.
O programa, que conjugou duas abordagens distintas, teve a duração de nove semanas e contou com um total de 52 participantes (adolescentes entre os 12 e os 18 anos a frequentar escolas da região de Coimbra), cujo apreço pelo corpo foi analisado antes, durante e após a intervenção (assim como um grupo de controlo de adolescentes que não participaram).
“A variável [do apreço pelo corpo] foi testada antes, no final do programa e três meses após o programa. No grupo que recebeu a intervenção, a variável aumentou sempre ao longo do tempo, já no grupo de controlo, foi diminuindo ao longo do tempo [a teoria aponta sempre para uma diminuição desta variável ao longo da adolescência]”, disse à agência Lusa Joana Simões, que terminou recentemente a sua tese de doutoramento.
O programa consistiu em várias sessões de 45 minutos com adolescentes que decidiram participar de forma voluntária e que não tinham qualquer problema psicopatológico marcado (a intervenção procura trabalhar na prevenção de sintomatologia).
Ao longo das nove semanas, as adolescentes tiveram muitos exercícios práticos e experienciais, que contavam com momentos de partilha, em sessões que começavam e acabavam sempre com “prática de ‘mindfulness’”.
“A prática de meditação tem como intenção trazer a atenção para o que está a acontecer aqui e agora. O nosso sofrimento localiza-se na tentativa de controlo do que não aconteceu ou do que já aconteceu. Queríamos trazer a atenção para o momento presente”, explicou, referindo que as adolescentes eram ainda incentivadas a praticar ‘mindfulness’ em casa.
A partilha de experiências pessoais, o trabalho em torno da compaixão e aceitação, a promoção da capacidade de estar em contacto com pensamentos que provocam algum tipo de sofrimento, entre outras questões, foram abordados ao longo das sessões, sempre através de exercícios.
“A imagem corporal positiva nunca foi falada de forma direta”, notou a investigadora, realçando que o programa quis, sobretudo, dar ferramentas às adolescentes para lidarem “com os seus pensamentos”, ainda para mais numa fase da vida onde a imagem corporal ganha uma grande relevância.
Joana Simões espera que no futuro seja possível continuar a investigação nesta área para melhorar a intervenção e garantir que a mesma não é esquecida e posta de lado.
“Há um desejo enorme de continuar e de até projetos futuros poderem englobar populações diferentes, eventualmente também com o sexo masculino”, referiu, sublinhando a importância das escolas implementarem este tipo de intervenções, que podem ter benefícios “prolongados para a comunidade escolar”.
LUSA/HN
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