A informação foi avançada pelo secretário nacional de Saúde Indígena, Ricardo Weibe Tapeba.
Esta ação humanitária, detalhou, foi feita na sequência criação do Comité de Coordenação Nacional para Enfrentamento à Desassistência Sanitária no território Yanomami, e de uma portaria do Ministério da Saúde, que declarou emergência em Saúde Pública “diante da necessidade de ação imediata frente à crise humanitária enfrentada em Roraima”.
Estas medidas são importantes, segundo Ricardo Weibe Tapeba, porque permitem que “o Governo Federal possa adotar estratégias mais emergenciais, como a compra de insumos, aquisição de medicamentos e materiais.
O território Yanomami, disse Ricardo Tapeba, vive um “cenário de guerra”.
Horas antes destas declarações, o ministro da Justiça do Brasil anunciou que a Polícia Federal vai investigar eventuais omissões de funcionários públicos, de todos os níveis, sobre a crise humanitária que afeta a comunidade indígena Yanomami.
Este anúncio surgiu poucos dias depois de o próprio governante ter visitado a zona onde vive aquela comunidade juntamente com o Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, que qualificou a situação de “genocídio”.
“Não tenho dúvidas, embora obviamente não me caiba julgar, que há fortes indícios da prática do crime de genocídio”, afirmou Flávio Dino durante um encontro com a imprensa.
O responsável pela pasta da Justiça brasileira explicou que as mortes por desnutrição e doenças curáveis, o desvio de dinheiro que se destinava à compra de remédios e vacinas contra o coronavírus SARS-CoV-2, ou “pouco ou nenhum” acesso aos sistemas de saúde “levam a um cenário de possível desmonte [retirada] intencional” de serviços para o povo Yanomami.
As declarações do ministro da Justiça vão ao encontro das expressas há dias pelo Presidente Lula da Silva, após a sua visita a Roraima, onde constatou a difícil situação daquela comunidade indígena.
“Mais do que uma crise humanitária, o que vi foi (…) um crime premeditado contra os Yanomami, cometido por um governo insensível ao sofrimento do povo brasileiro”, afirmou na ocasião.
O Governo relaciona esta situação com os incentivos e a defesa que era oferecida aos exploradores ilegais de ouro e outras pedras preciosas, os garimpeiros.
Flávio Dino referiu que no relatório que enviou à Polícia faz alusão, com especial atenção, a este assunto.
“Temos estimulado o garimpo ilegal na Amazónia brasileira. Já tivemos até o ex-presidente Jair Bolsonaro visitando um garimpo que ainda não tinha a sua situação regularizada”, lembrou.
O Ministério dos Povos Indígenas informou esta semana que cem crianças de 1 a 4 anos da comunidade Yanomami morreram de desnutrição, pneumonia e diarreia em consequência do avanço do garimpo ilegal, responsável pela contaminação de rios e campos da região em que vive esta comunidade. Um aumento sério dos casos de malária também foi relatado no ano passado.
LUSA/HN
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