Integrado na Unidade de Ciências Biomoleculares Aplicadas (UCIBIO-i4HB) da FCT NOVA, o projeto CryoEM@NOVA conta com a coordenação do investigador coordenador Hartmut Luecke e visa, ao longo dos próximos cinco anos, implementar e dar formação aos seus investigadores em cryoEM.
O projeto está a ser desenvolvido em colaboração com Maria João Romão, professora catedrática na FCT NOVA e diretora da UCIBIO, que coordena a sua implementação, juntamente com Eurico Cabrita e Ana Luísa Carvalho, membros integrados da UCIBIO. “O financiamento é muito importante não só para a nossa unidade de investigação (UCIBIO) e laboratório associado i4HB, mas também para Portugal, pois vai permitir criar o primeiro grupo especializado em cryoEM dedicado à investigação e formação nesta técnica de ponta para a Biologia Estrutural. Complementando com a nossa experiência em Cristalografia de Raios-X e em Ressonância Magnética Nuclear, será uma excelente oportunidade única para a formação de novos investigadores nacionais e estrangeiros em Biologia Estrutural”, realça Maria João Romão, citada em comunicado.
O comunicado de imprensa explica que a Biologia Estrutural é essencial para a compreensão, ao nível atómico, da relação estrutura-função em sistemas biológicos e imprescindível para a descoberta de novos fármacos, com um impacto transversal em múltiplas áreas desde a saúde ao ambiente. Os métodos tradicionais de Biologia Estrutural têm sido a Cristalografia de Raios-X e a Ressonância Magnética Nuclear, mas, nos últimos anos, o esforço dedicado a melhorar a rapidez e eficiência na determinação de estruturas 3D de macromoléculas biológicas levou ao crescimento exponencial da utilização da Crio-Microscopia Eletrónica. Esta é uma técnica para a obtenção de imagens de amostras biológicas a temperaturas muito baixas (tipicamente -196 ºC), o que permite aos investigadores obter informação estrutural e funcional de grandes complexos de proteínas num estado próximo do nativo.
A cryoEM tem sido utilizada para determinar as estruturas de alta resolução de vários vírus, incluindo o SARS-CoV-2. Esta informação estrutural permite aos cientistas perceber o mecanismo pelo qual os vírus infetam as células e é a base para o desenvolvimento de tratamentos mais efetivos. Outras aplicações incluem a determinação da estrutura de complexos proteicos envolvidos na doença de Alzheimer, cancro ou da fibrose quística, contribuindo para o entendimento do mecanismo molecular destas patologias e para a identificação de possíveis alvos para o desenvolvimento de novos fármacos. Este potencial foi reconhecido com a atribuição do Prémio Nobel da Química, em 2017, e tem sido acompanhado por um grande crescimento do número de infraestruturas cryoEM em todo o mundo.
A nova equipa irá constituir o polo FCT NOVA do consórcio CryoEM-PT, do atual Roteiro Nacional de Infraestruturas de Investigação, da Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Integrado na rede CryoEM-PT, o polo da FCT NOVA dará apoio à preparação, expedição e tratamento de dados de cryoEM de amostras de utilizadores do primeiro Crio-Microscópio Eletrónico em território português, instalado no Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL), em Braga, e com inauguração prevista para fevereiro.
A iniciativa ERA Chairs Actions traduz-se num mecanismo de financiamento da Comissão Europeia que apoia instituições de ensino superior e de investigação, no sentido de atrair e manter recursos humanos qualificados, com o objetivo de potenciar a investigação de excelência nas suas áreas de ação.
PR/HN/RA
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