No debate foram identificadas oportunidades de melhoria para a integração dos serviços das farmácias nos cuidados de saúde primários e hospitalares, entre elas a articulação entre os médicos e os farmacêuticos. Nuno Jacinto, da Associação de Medicina Geral e Familiar, fez notar que a preocupação do médico é a prescrição «já quem a gere pode ser a farmácia. É algo que controlam muito melhor do que nós», defendendo a expansão da intervenção do farmacêutico comunitário, com a possibilidade de a renovação da terapêutica ser feita pelo farmacêutico até à consulta seguinte.
Jaime Melancia, PSO Portugal-Associação Portuguesa da Psoríase, afirmou que esta complementaridade só é possível através da implementação efetiva de um registo único de dados de saúde, que permitirá que a informação seja partilhada com os diferentes profissionais e/ou unidades de saúde, nos diversos níveis de cuidados, públicos ou privados. A este respeito, Nuno Jacinto, evidenciou que para a concretização deste desafio é necessária «vontade política».
Maria Mendes, gestora da área de Intervenções em Saúde da ANF, chamou à atenção para a necessidade de protocolos e de ser produzida evidência quanto aos resultados da implementação destes serviços através do registo e avaliações, fazendo referência ao Reino Unido, onde foram amplamente testados e passaram assim a ser remuneradas. Também em Portugal «o financiador devia ser o Serviço Nacional de Saúde”, concluiu.
A rede de farmácias está capacitada para prestar um conjunto de serviços, como a renovação da terapêutica e a dispensa de medicamentos hospitalares em proximidade, já incluídos no OE 2023, mas também serviços de triagem e referenciação de situações clínicas ligeiras e consultas farmacêuticas de revisão da medicação. É importante tornar estes serviços mais «robustos e estruturados», acrescenta.
Esta sessão pré-14.º Congresso das Farmácias, moderada por Diana Amaral e Francisco Barros, da Direção da Associação Nacional das Farmácias, contou ainda com as perspetivas dos médicos de família, dos doentes, dos farmacêuticos e da indústria.
O Congresso das Farmácias, que se realiza nos dias 9, 10 e 11 de fevereiro no Centro de Congressos de Lisboa, tem como objetivo prioritário a intervenção das farmácias na jornada de saúde das pessoas, destacando temáticas que vão ao encontro das principais necessidades presentes e futuras da população. Transformar a relação com as pessoas; a proximidade como fator diferenciador na prestação de serviços de saúde; atração e retenção de talento nas farmácias; e os desafios e oportunidades para o setor da Saúde num contexto pós-pandémico e marcado por uma nova envolvente política e económica global.
A sessão de abertura, marcada para o dia 10, sexta-feira, conta com a presença do Ministro da Saúde, Manuel Pizarro e da presidente da ANF, Ema Paulino.
O 14º Congresso das Farmácias conta com mais de cinquenta personalidades e prestigiados oradores. São esperados mais de mil congressistas.
NR/HN
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