“Transformar a relação com a pessoa” em debate no 14.º Congresso das Farmácias

10 de Fevereiro 2023

Na primeira sessão plenária do 14.º Congresso das Farmácias, com o tema “Transformar a relação com a pessoa”, Paulo Gonçalves representou os doentes crónicos, que apelidou de “crentes praticantes do SNS”, “os mais interessados na sustentabilidade do SNS”.

“O farmacêutico comunitário gera confiança, e a confiança gera resultados. As associações de doentes estão disponíveis para colaborar se forem verdadeiramente enquadradas na educação para uma nova cultura. Nós precisamos de uma nova cultura para a saúde”, frisou Paulo Gonçalves, presidente da direção da União das Associações das Doenças Raras (RD-Portugal). “Se o trabalho for bem feito, [o farmacêutico comunitário] vai contribuir para um sistema mais sustentável.”

Para o presidente da comissão executiva da CUF, “há muito espaço para reforçar a colaboração entre as farmácias comunitárias e os hospitais”. Haver referenciação das farmácias para os hospitais “é fundamental” e “podemos ter informação muito mais integrada entre as aplicações das farmácias e dos hospitais privados”; “existe muita possibilidade de termos sessões clínicas de médicos (…) com grupos de farmácias de uma determinada região” e “temos também que criar mecanismos de feedback das farmácias para os hospitais”, acrescentou Rui Diniz.

Luís Goes Pinheiro, presidente do conselho de administração dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), sublinhou que “as farmácias são um parceiro fundamental do SNS”, “talvez até a linha avançada em muitos momentos”. “Mas é possível que sejam mais.” É possível aprofundar a relação entre o SNS e as farmácias, “e aqui a componente digital tem um papel importante”.

Goes Pinheiro disse também que reclama há muito a possibilidade de ter acesso aos dados dos medicamentos não sujeitos a receita médica, algo “absolutamente essencial para completar a informação do registo de saúde eletrónico”.

Já Xavier Barreto, presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, sinalizou dois segmentos onde é possível uma intervenção imediata das farmácias comunitárias: “por um lado, criando o programa de referenciação de doentes com problemas de adesão terapêutica pós-alta”; “por outro lado, a criação de programas de acompanhamento, de follow-up, para um conjunto de doentes crónicos, em patologias selecionadas, onde poderíamos ter monitorização clínica, aconselhamento, adesão à terapêutica”, entre outras intervenções farmacêuticas.

“Se o doente quiser estar nesse hospital por uma questão de confiança, deve ficar nesse hospital”; contudo, se o doente preferir um acompanhamento na sua farmácia comunitária, “ele deve ter essa possibilidade”. Ou seja, é preciso agir “sempre respeitando os interesses e as preferências dos doentes”, defendeu Xavier Barreto.

Pedro Correia, Head of Health Operations da Médis, falou do trabalho na rede de farmácias. “Ela tem vindo a crescer e atualmente vamos reconhecendo alguns serviços e vamos comparticipando efetivamente alguns serviços que são feitos nas farmácias”, referiu. Mas é possível desenvolver mais a colaboração com as farmácias – “precisamente por aquilo que eu disse no início, proximidade que as farmácias nos dão”.

Correia alertou ainda para a importância de atuar na promoção da saúde, e a ex-ministra da Saúde Ana Jorge contribuiu para a conversa apresentando a Cruz Vermelha Portuguesa. “Aquilo que pretendemos, no fundo, é trabalhar em rede com todas as instituições e com todos os parceiros em cada comunidade. A Cruz Vermelha, em cada um dos 159 locais onde existe, deverá estar em colaboração com todos e oferecer ou desenvolver serviços que façam sentido para aquela comunidade, ouvindo todos os seus parceiros”, afirmou a presidente em Portugal.

A sessão foi moderada por Paula Dinis, vice-presidente da direção da Associação Nacional das Farmácias.

HN/RA

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