Nesse documento, o eleito do CDS na Assembleia Municipal de Ovar aborda a insatisfação local quanto ao anúncio de que os 55.000 habitantes locais deverão passar a ter como unidades de referência os hospitais de Aveiro e Coimbra, que se localizam a distâncias de 30 a 100 quilómetros, com portagens, quando a vontade predominante – já expressa numa petição pública e numa marcha de protesto – é que se mantenha a ligação ao Hospital São Sebastião, na Feira, que dista apenas cinco a 20 quilómetros e não implica viagens por autoestrada.
Notando que, ao longo dos anos, a rede de cuidados de saúde de Ovar tem assistido a uma sucessiva “subtração de valências”, o deputado municipal Fernando Camelo Almeida lamenta que a isso acresça agora “a preocupante informação da possibilidade de Ovar ficar integrado na nova ULS da Região de Aveiro em vez de na ULS do Entre Douro e Vouga [com sede na Feira], como faz sentido”.
“Esta possibilidade implica a referenciação dos utentes de Ovar para o Hospital de Aveiro ou Coimbra, o que é inconcebível e completamente desajustado, tendo em conta a distância de Ovar a Santa Maria da Feira ou Vila Nova de Gaia comparada com a distância a Aveiro ou Coimbra”, realça o eleito do CDS.
Fernando Camelo Almeida apela “à consciência e bom senso” de Manuel Pizarro, “no sentido de tomar uma decisão que implique a inclusão de Ovar na ULS do Entre Douro e Vouga, e a correspondente referenciação dos utentes desse concelho para o Hospital São Sebastião”.
Na mesma missiva, o CDS pede igualmente outra mudança que há alguns anos vem sendo reivindicada pela comunidade vareira: “a rápida reabertura do Serviço de Urgência Básico no Hospital Francisco Zagalo e dos polos de saúde de Arada e Maceda”.
Para Fernando Camelo Almeida, essas reaberturas são necessárias, considerando que, além dos seus 55.000 residentes fixos, Ovar conta com “uma elevada população flutuante aos fins-de-semana e durante a época balnear, fruto das várias praias que tem, do seu braço da ria de Aveiro, da sua floresta, dos seus monumentos, de tradicionais festividades como o Carnaval e de outros espaços atraentes para turistas”.
Aliás, dada a sua proximidade geográfica, também “concelhos vizinhos sem Urgência – como é o caso de Murtosa e Estarreja – recorriam imenso ao extinto serviço do Hospital Francisco Zagalo”.
Insistindo na necessidade de reverter a perda de serviços no concelho, o eleito do CDS realça ainda, entre as “carências atuais” de Ovar, “o facto de não existir consulta aberta no Centro de Saúde” e acrescenta: “Nem sequer temos uma VMER [Viatura Médica de Emergência e Reanimação] e tal é a ausência de cuidados de saúde durante a noite que, a partir das 00:00, não há uma farmácia aberta”.
Comparando a referida “subtração de valências” em Ovar com a crescente oferta de municípios contíguos, Fernando Camelo Almeida critica a “falta de equidade gritante no que toca a cuidados de saúde no distrito de Aveiro” e diz que “está nas mãos” do ministro alterar isso.
“Como é possível que o Governo liderado pelo Primeiro-Ministro António Costa tenha reaberto o Serviço de Urgência do Hospital de São João da Madeira, que fica a pouquíssimos quilómetros dos da Feira e de Oliveira de Azeméis, que também têm Urgência, e, por outro lado, não reabra a do Hospital Francisco Zagalo?”, questiona o deputado.
Como remate, a carta dirigida a Manuel Pizarro dispensa o ministro de explicações quanto às estratégias passadas da tutela e conclui: “Não necessita de se preocupar com a justificação, porque todos sabemos que é completamente injustificável e injusto – só necessita de repor a justiça que se impõe e demonstrar que é um ministro da Saúde competente e atento”.
Contactado pela Lusa, o Ministério da Saúde ainda não comentou o documento do CDS nem informou se a tutela já decidiu a que hospital ficarão afetos os utentes de Ovar após entrada em funcionamento das novas ULS de Aveiro e da Feira.
LUSA/HN
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