Doutorada em Ciências Químicas e licenciada em Filosofia e Ciências da Educação, Florence Oloo é membro fundador do Comité de Ética de Strathmore, atualmente composto por onze profissionais e que avalia mais de 300 estudos de investigação por ano, enviados por cientistas de todo o continente africano para serem aprovados de acordo com as normas internacionais.
O seu trabalho é supervisionar ensaios envolvendo seres humanos para garantir que os protocolos propostos seguem diretrizes éticas apropriadas antes que os participantes possam inscrever-se, explica a Harambee, organização internacional que promove o desenvolvimento da África subsaariana apoiando projetos de promoção da mulher, projetos educativos ou de saúde materno-infantil.
“O fracasso das comissões de ética em garantir revisão e supervisão adequadas pode ter sérias consequências. O bem-estar das pessoas é a principal responsabilidade em qualquer protocolo de investigação”, alerta o cientista, segundo a organização não-governamental internacional sediada em Espanha que atribui o prémio, patrocinado pelos Laboratórios René Furerer.
Além do seu trabalho profissional, Oloo promoveu o Programa de Empoderamento Feminino Jakana para meninas e mulheres de diversas origens, todas vulneráveis, na cidade queniana de Kanyawegi, localizada nas margens do Lago Vitoria e perto da fronteira com Uganda.
Num ambiente de pobreza, agravado pela pandemia, que levou ao encerramento de escolas e empresas, os desafios enfrentados pelas raparigas e mulheres na região incluem gravidez na adolescência, casamentos infantis ou precoces, infeção pelo VIH e violência, tanto sexual como baseada no género.
Para enfrentar esses desafios, o Jakana Center desenvolveu um programa de três meses de auto liderança, educação financeira e fundamentos para iniciar e administrar um negócio, direcionado para mulheres jovens.
O primeiro programa foi realizado com 30 mulheres com idades compreendidas entre os 18 e os 30 anos que não tinham emprego nem meios para se sustentarem financeiramente.
O Prémio Harambee será um primeiro auxílio para promover este projeto que quer influenciar e ter um impacto positivo na vida de muitas mulheres nas zonas rurais.
“As mulheres pensam de forma holística, têm em conta a sua família, a sua aldeia e a sua casa. É por isso que estou certa de que dar autonomia às mulheres é fazê-lo a toda a sua comunidade e, portanto, todo o país. Este é o projeto que carrego no coração”, declarou a vencedora.
LUSA/HN
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