Cientista premiada por combater irregularidades em ensaios clínicos com humanos

7 de Março 2023

Uma cientista queniana, Florence Oloo, foi galardoada com o Prémio Harambee 2023 pelo seu trabalho no Comité de Ética de Strathmore, onde lidera a supervisão de ensaios clínicos em humanos para impedir possíveis irregularidades, anunciou esta terça-feira a organização.

Doutorada em Ciências Químicas e licenciada em Filosofia e Ciências da Educação, Florence Oloo é membro fundador do Comité de Ética de Strathmore, atualmente composto por onze profissionais e que avalia mais de 300 estudos de investigação por ano, enviados por cientistas de todo o continente africano para serem aprovados de acordo com as normas internacionais.

O seu trabalho é supervisionar ensaios envolvendo seres humanos para garantir que os protocolos propostos seguem diretrizes éticas apropriadas antes que os participantes possam inscrever-se, explica a Harambee, organização internacional que promove o desenvolvimento da África subsaariana apoiando projetos de promoção da mulher, projetos educativos ou de saúde materno-infantil.

“O fracasso das comissões de ética em garantir revisão e supervisão adequadas pode ter sérias consequências. O bem-estar das pessoas é a principal responsabilidade em qualquer protocolo de investigação”, alerta o cientista, segundo a organização não-governamental internacional sediada em Espanha que atribui o prémio, patrocinado pelos Laboratórios René Furerer.

Além do seu trabalho profissional, Oloo promoveu o Programa de Empoderamento Feminino Jakana para meninas e mulheres de diversas origens, todas vulneráveis, na cidade queniana de Kanyawegi, localizada nas margens do Lago Vitoria e perto da fronteira com Uganda.

Num ambiente de pobreza, agravado pela pandemia, que levou ao encerramento de escolas e empresas, os desafios enfrentados pelas raparigas e mulheres na região incluem gravidez na adolescência, casamentos infantis ou precoces, infeção pelo VIH e violência, tanto sexual como baseada no género.

Para enfrentar esses desafios, o Jakana Center desenvolveu um programa de três meses de auto liderança, educação financeira e fundamentos para iniciar e administrar um negócio, direcionado para mulheres jovens.

O primeiro programa foi realizado com 30 mulheres com idades compreendidas entre os 18 e os 30 anos que não tinham emprego nem meios para se sustentarem financeiramente.

O Prémio Harambee será um primeiro auxílio para promover este projeto que quer influenciar e ter um impacto positivo na vida de muitas mulheres nas zonas rurais.

“As mulheres pensam de forma holística, têm em conta a sua família, a sua aldeia e a sua casa. É por isso que estou certa de que dar autonomia às mulheres é fazê-lo a toda a sua comunidade e, portanto, todo o país. Este é o projeto que carrego no coração”, declarou a vencedora.

LUSA/HN

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