A iniciativa, em pareceria com o consórcio sul-africano Afrigen Biovac e o Governo de Pretória, integra biofabricantes de 15 países com o objetivo de colmatar as desigualdades sublinhadas pela recente pandemia da covid-19 no acesso a produtos de saúde, especialmente vacinas, referiu a OMS.
Mais de três anos após declarar a covid-19 uma Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional (PHEIC, na sigla em inglês), a OMS indicou que cerca de 69,7% da população global recebeu pelo menos uma dose de uma vacina contra a covid-19, sendo que “essa proporção permanece abaixo de 30% em países de baixo rendimento (LICs, na sigla em inglês)”.
Nesse sentido, com a participação dos ministros da Saúde e da Educação Superior, Ciência e Tecnologia da África do Sul, Joe Phaahla e Blade Nzimande, respetivamente, de funcionários de alto nível dos países financiadores e participantes internacionais, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, de visita ao país, destacou em conferência de imprensa a importância regional da iniciativa para a “segurança de saúde nacional”.
“A pandemia da covid-19 sublinhou que uma das nossas estratégias mais importantes para atender a emergências de saúde globais é aumentar a capacidade de todas as regiões produzirem contramedidas médicas, como as vacinas, e é por isso que a OMS está a apoiar este esforço multilateral na área da transferência de tecnologia mRNA”, afirmou.
O responsável da OMS frisou que o custo económico a curto prazo na aquisição de vacinas importadas mais baratas “deve ser comparado ao valor em apoiar a capacidade de produção doméstica que será crítica para a segurança da saúde nacional”.
“Há necessidade de uma estratégia regional coerente para a produção de vacinas de mRNA, porque não será sustentável para cada nação construir a sua própria fábrica de vacinas”, salientou Tedros Adhanom Ghebreyesus, acrescentando que “há também a necessidade de um planeamento de infraestrutura regional, incluindo como adquirir essas vacinas em situações de emergência”.
“A OMS acredita que o programa de transferência de tecnologia de mRNA é muito promissor, não apenas para aumentar a disponibilidade de vacinas contra a covid-19, mas também para outras doenças, incluindo o HIV, a tuberculose e outras que afetam países de baixo rendimento para os quais não há vacinas ou as vacinas são uma exceção”, declarou o diretor-geral da OMS.
Por seu lado, o ministro da Saúde da África do Sul, Joe Phaahla, considerou a inauguração do centro de transferência de tecnologia mRNA um “momento “histórico” para o continente.
“O que testemunhamos aqui hoje é um momento histórico, um programa que visa capacitar os países de baixo rendimento através de uma rede colaborativa global. Estou emocionado ao ver o progresso feito em tempo relativamente curto e agradeço o apoio de tantos países diferentes – países como a África do Sul, que têm uma capacidade de biomanufatura forte e vibrante e que estão dispostos a trabalhar juntos e a compartilhar”, afirmou Phaahla.
O Centro de Tecnologia mRNA está alojado no laboratório de desenvolvimento e produção de vacinas mRNA da Afrigen, na Cidade do Cabo, onde a candidata a vacina AfriVac 2121 se encontra atualmente em fase de desenvolvimento, segundo o responsável da empresa, Petro Terblanche.
“Nos últimos 18 meses, o Afrigen passou por uma transformação incrível com o apoio de uma rede de parceiros e mentores deste programa”, frisou o responsável sul-africano.
A OMS indicou que a iniciativa é financiada em cerca de 117 milhões de dólares (106,7 milhões de euros), sendo a França o primeiro país a financiar o trabalho de transferência de tecnologia de mRNA.
A Comissão Europeia contribuiu 40 milhões de euros para a criação do Centro de Tecnologia mRNA na África do Sul, segundo a OMS.
Além da Comissão Europeia, são igualmente parceiros na iniciativa da OMS com a África do Sul, a Bélgica, Alemanha, Noruega e Canadá.
LUSA/HN
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