ECDC alerta para riscos de reintrodução da poliomielite na Europa

24 de Abril 2023

Perto de 2,4 milhões de crianças na Europa podem não ter recebido, entre 2012 e 2021, a vacinação completa contra a poliomielite, mantendo o risco de reintrodução do vírus no continente europeu.

Os dados do Centro Europeu de Controlo de Prevenção de Doenças (ECDC, sigla em inglês) foram divulgados hoje, início da Semana Europeia da Imunização, e resultam de uma atualização da situação da poliomielite neste período, que revela que “aproximadamente 2,4 milhões de crianças na UE/EEE [União Europeia e Espaço Económico Europeu] podem não ter recebido a tempo as três doses de vacinas contra a poliomielite”.

Além disso, o recém-publicado Relatório Epidemiológico Anual do Sarampo 2022 do ECDC destaca também os riscos quando há bolsas de uma população subvacinada ou grupos não imunizados.

“Embora a região europeia tenha sido declarada indemne da poliomielite em 2002, o vírus continua a ser detetado periodicamente na sua forma selvagem ou como estirpes derivadas de vacinas noutras regiões. Devido a métodos de vigilância adequados e a uma cobertura de vacinação geralmente elevada, estes acontecimentos esporádicos não conduziram, felizmente, a uma transmissão sustentada na UE/EEE nem à deteção de casos humanos”, refere o ECDS em comunicado.

A diretora do ECDC, Andrea Ammon, avisa citada no comunicado, que “enquanto existirem grupos populacionais não vacinados ou subvacinados nos países europeus e a poliomielite não for erradicada a nível mundial, o risco de reintrodução do vírus na Europa mantém-se”.

“Além disso, no caso do sarampo, que é altamente transmissível, o vírus pode-se espalhar em bolsas de populações desprotegidas quando a cobertura vacinal é subótima. Isso pode levar a surtos que podem criar uma sobrecarga para os sistemas de saúde, inclusive em países que eliminaram o sarampo”, alerta Andrea Ammon.

O EDCD realça que, apesar da segurança e eficácia comprovadas das vacinas, os países europeus, bem como de todo o mundo, continuam a registar surtos de doenças evitáveis por vacinação devido a taxas insuficientes de cobertura vacinal.

“Independentemente do bom desempenho geral dos programas de imunização da UE/EEE durante a pandemia de covid-19 e dos esforços tremendos para que isso aconteça, existem lacunas de vacinação significativas e disparidades entre a cobertura vacinal entre diferentes países e regiões”, salienta.

Embora o Relatório Epidemiológico Anual do Sarampo mostre uma diminuição de 99% nos casos em 2022 comparativamente a 2018, isso deveu-se provavelmente às medidas de prevenção e controle implementadas durante a pandemia, sendo que os dados mostram que os bebés até um ano continuam a ser o grupo com maior incidência de sarampo, uma vez que são demasiado jovens para serem vacinados e devem, portanto, ser protegidos pela imunidade comunitária.

O ECDC refere que a Semana Europeia da Imunização é “um momento-chave” para aumentar a sensibilização para os benefícios e a importância da vacinação, sendo para isso necessários “esforços contínuos” para identificar lacunas de imunidade em todas as pessoas, especialmente em populações vulneráveis e de difícil acesso, como refugiados, migrantes, requerentes de asilo.

“São necessários esforços acelerados para melhorar as campanhas de imunização e promover a aceitação e a aceitação da vacina, a fim de alcançar e manter uma elevada cobertura vacinal contra doenças evitáveis por vacinação”, defende.

LUSA/HN

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