Infertilidade secundária é a forma mais comum de infertilidade feminina

2 de Maio 2023

A infertilidade secundária afeta cerca de 10% dos casais em idade reprodutiva em todo o mundo, mas ainda é pouco debatida e estudada, além de incompreendida.

“A infertilidade secundária é um problema comum. Estes casais não estão sozinhos nas estatísticas. Na verdade, é a forma mais comum de infertilidade feminina e responsável por cerca de metade de todos os casos de infertilidade. No entanto, se já houve, pelo menos, uma gravidez bem-sucedida, muito provavelmente a infertilidade pela qual o casal está a passar terá solução. Um dos fatores, o mais importante, poderá estar relacionado com a idade da mulher”, refere Vânia Ribeiro, ginecologista e especialista em Medicina da Reprodução do IVI.

Segundo a médica, falamos de infertilidade secundária quando uma gravidez não acontece ou quando se sofrem abortos depois de ter havido, pelo menos, uma gravidez com sucesso. Tal como acontece nos casos de infertilidade primária, o tempo estimado para começar a suspeitar de um problema é de 12 meses, seis nos casos em que as mulheres têm mais de 35 anos.

“Se passado este tempo as tentativas não tiverem sido bem-sucedidas, é chegado o momento de consultar um especialista. A infertilidade secundária tem muitos aspetos em comum com a infertilidade primária, no que diz respeito às suas causas e origens, e pode afetar mulheres e homens, pelo que tem de ser investigada”, acrescenta.

Nas mulheres, a infertilidade secundária pode estar relacionada com a idade, endometriose, alterações hormonais, problemas vaginais ou uterinos. No homem, poderá estar ligada ao declínio da qualidade ou quantidade do sémen, aparecimento de patologias que afetam o aparelho reprodutor masculino ou alterações do trato genital. Em ambos os sexos, o consumo de álcool e tabaco, assim como o excesso de peso, são prejudiciais para a saúde e para a fertilidade.

“Apesar de a fertilidade secundária poder ter múltiplas origens e causas, a idade da mulher é fundamental. Nos últimos anos, os casais têm optado por adiar a maternidade, por razões sociais ou profissionais. Se o objetivo é ter mais do que um filho, o fator idade torna-se ainda mais crítico, porque a partir dos 35 anos começamos a observar um declínio na quantidade e qualidade de ovócitos. E a partir dos 38 anos aumentam as probabilidades de surgimento de aneuploidias (alterações nos cromossomas) nos embriões”, explica Vânia Ribeiro.

Para alguns casais, a ausência de uma gravidez pode estar apenas relacionada com a idade. É por isso que cada vez mais mulheres congelam os seus ovócitos, assegurando o seu potencial reprodutivo. Ainda assim, a médica sublinha que “quanto mais nova for a mulher, mais hipóteses futuras terá de ser mãe com os seus próprios ovócitos”, seja através de uma gravidez natural, seja com a ajuda de tratamentos de procriação medicamente assistida.

Em resumo, Vânia Ribeiro deixa três conselhos às mulheres e aos casais que perseguem o sonho de aumentar a família.

Não adiar a maternidade, sobretudo se pensam ter mais do que um filho

O pico de fertilidade na mulher situa-se entre os 20 e 25 anos. Após os 35 anos, a probabilidade de uma mulher engravidar naturalmente cai para metade. Se por razões económicas, sociais ou de doença a mulher pensa adiar a maternidade, então, deve ponderar a salvaguarda do seu potencial reprodutivo.

Procurar ajuda médica

Se existir um filho ou mais filhos concebidos de forma natural e a gravidez não acontecer, devem procurar um especialista. Nestes casos, os exames diagnósticos são os realizados nos casos de infertilidade primária, numa primeira etapa: história clínica e exames físicos completos, para os dois membros do casal. Para a mulher, exames como o estudo hormonal, a ecografia e a histerossalpingografia (telerradiografia do útero e das trompas uterinas). Em relação ao homem, realiza-se uma avaliação da qualidade do sémen.

Relaxar e desvalorizar comentários menos empáticos

O casal deve cuidar da sua vida do ponto de vista social, afetivo e corporal, o que vai ajudar a relaxar e a aliviar alguma pressão que possa estar a sentir em torno da gravidez. Este aspeto, aliado a um estilo de vida saudável, é um apoio para fortalecer a saúde mental e enfrentar comentários menos empáticos que possam surgir. Muitas pessoas não compreendem e não valorizam a angústia de quem já tem filhos e pretende aumentar a família. Procure apoio psicológico se sentir que não está a conseguir equilíbrio na sua vida.

PR/HN/RA

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