Em declarações à Lusa, o diretor do Serviço de Neonatologia do Centro Hospitalar Universitário do São João, Henrique Soares, explicou que o projeto Regressar a Casa, que envolve além daquele hospital os Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES) Porto Oriental e Maia/Valongo e a Unidade Local de Saúde do Alto Minho (ULSAM), vai testar a antecipação da alta em mães que já tiveram filhos e em casos que “obedeçam a uma série de parâmetros clínicos definidos e identificados”.
Aquele projeto-piloto “garante a segurança” de mães e bebés, ao prever uma consulta domiciliária até 72 horas após o parto de um neonatologista e de uma enfermeira da unidade de Saúde “igual à que seria feita” num hospital.
“Há uma série de condições clínicas avaliadas que validam uma alta partir das 24 horas, sendo que atualmente são dadas, pelo menos, após 48 horas. Isto permite regressar a casa mais cedo, permitindo uma grande proximidade de todo o núcleo familiar a esta mãe, promovendo uma sensação de bem-estar e a amamentação”, referiu Henrique Soares.
Aquele responsável apontou ainda como vantagens deste projeto “uma aproximação dos cuidados de saúde primários às famílias numa fase bastante precoce, nomeadamente na amamentação, com o potencial de fazer aumentar a taxa de amamentação”.
A segurança da mãe e do bebé “é uma prioridade e está assegurada”, uma vez que o projeto prevê uma visita especializada a casa: “Até às 72 horas após o nascimento será feita uma visita ao domicílio, com os mesmo parâmetros e instrumentos que uma visita em contexto hospitalar, e há uma espécie de via-verde para mães ou bebés que necessitem regressar ao internamento”, explicou à Lusa o médico e presidente do Conselho Clínico e de Saúde do ACES Porto Oriental, Miguel Ornelas.
“Além das condições físicas, a equipa que vai a casa terá em atenção sintomas depressivos, a subida do leite, o ritmo de sono do bebé e tudo o que implica o acompanhamento pós-parto da mãe e do bebé”, explicou aquele médico.
O objetivo, disse, é “criar um novo normal”, em que o regresso a casa por parte de mães e bebés “é mais rápido e é seguro”.
Para o diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), Fernando Araújo, citado em nota do Hospital de S. João, o Regressar a Casa enquadra-se na obrigação do SNS de “assegurar a atualização constante dos seus procedimentos, salvaguardando sempre um equilíbrio entre a humanização de cuidados e a segurança de todos os cuidados prestados a puérperas e recém-nascidos”.
O Regressar a Casa, projeto “inédito no Serviço Nacional de Saúde”, refere o responsável, “permitirá lançar as bases para que a mesma iniciativa seja implementada noutros hospitais de forma a generalizar esta abordagem do recém-nascido, reduzir os tempos de internamento e melhorar a gestão em saúde, reduzindo custos e carga de trabalho dos profissionais”.
A fase experimental deste projeto vai durar três meses.
LUSA/HN
0 Comments