Projeto com planos individuais para doentes reduz recurso à urgência em Almada

10 de Junho 2023

O hospital de Almada criou em 2016 um projeto para acompanhar os utentes que recorrem às urgências 10 ou mais vezes num ano, conseguindo o acompanhamento individualizado de 400 doentes e a redução da procura daquele serviço.

Segundo o Hospital Garcia de Orta (HGO), em Almada (distrito de Setúbal), a ideia de criar o projeto Grupo de Resolução dos High Users (GRHU) surgiu depois de ter sido identificado que este problema nacional e internacional de utilização inadequada dos Serviços de Urgência estava a ocorrer na unidade.

Um balanço do projeto revela que em 31 de dezembro de 2022 se registava uma redução de 63,9% de utentes ‘high users’, face a dezembro de 2016, o que correspondeu a um decréscimo de 67% do número de episódios em urgência.

Até abril de 2023, o GRHU já tinha trabalhado mais de 400 casos.

Este é um grupo de trabalho multidisciplinar, constituído com o apoio do Conselho de Administração do HGO e da Direção do Agrupamento de Centros de Saúde Almada-Seixal. Integra cinco médicos, cinco enfermeiros e três assistentes sociais, das duas instituições.

O público-alvo da iniciativa são os chamados ‘high users’, utilizadores muito frequentes do Serviço de Urgência Geral do HGO, ou seja, utentes que protagonizam 10 ou mais episódios de urgência em 12 meses.

“O grupo de trabalho tem como principais objetivos promover a gestão integrada dos cuidados centrados nas pessoas, melhorar o encaminhamento e acessibilidade aos cuidados de saúde, incluindo o apoio social, potenciar uma adequada e efetiva articulação e integração das diferentes estruturas prestadoras de cuidados, promover ganhos em saúde e atitudes preventivas e otimizar a resposta do Serviço de Urgência Geral do HGO aos utentes efetivamente urgentes e emergentes”, refere a unidade.

Os utilizadores frequentes, acrescenta, apresentam necessidades complexas – problemas de saúde mental e física, doenças crónicas múltiplas, suporte social insuficiente e dificuldades socioeconómicas.

No âmbito da sua atividade, o GRHU elabora um plano individual de integração para cada ‘high user’, com a colaboração de todos os intervenientes, incluindo as equipas de família das unidades de saúde a que os utentes pertencem.

“Nesse plano individual são identificadas as necessidades e os recursos disponíveis para cada utente e é atribuído um gestor de caso de entre os elementos dos GRHU, com o objetivo de avaliar e monitorizar a sua execução”, explica o Garcia de Orta.

O projeto, que tem uma parceria com a Value for Health CoLAB da Nova Medical School, é um modelo de integração de cuidados centrados na pessoa, articulando recursos sociais (instituições de solidariedade social e na comunidade), recursos familiares (rede de suporte e habitação), cuidados hospitalares (serviço de urgência geral e especialidades) e cuidados de saúde na comunidade (equipa de família e equipas de cuidados na comunidade).

Os ‘high users’ têm alta quando, cumulativamente, tenham menos de quatro episódios de urgência nos 12 meses anteriores e menos de três episódios nos seis meses anteriores.

LUSA/HN

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