USF em Vila Real implementa via verde para diagnóstico célere de distúrbio respiratório do sono

22 de Junho 2023

A Unidade de Saúde Familiar (USF) do Corgo, em Vila Real, vai implementar uma via verde de SAOS para o diagnóstico e tratamento “mais rápido” da Síndrome de Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS), uma patologia subdiagnosticada em Portugal.

Jaime Ribeiro, médico na USF do Corgo, inserida no Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Marão – Douro Norte, classificou o projeto como “pioneiro” e explicou que a síndrome de apneia obstrutiva do sono (SAOS) é “altamente subdiagnosticada” em Portugal e a nível mundial.

“Isto é, mais de 80% das pessoas que têm a doença não sabem que a têm, não estão tratadas”, afirmou aos jornalistas.

Catarina Cascais, interna de segundo ano na mesma USF, acrescentou que a via verde visa o “diagnóstico e tratamento mais rápido de doentes com SAOS” e reforçou que se trata de “uma patologia que é de elevada prevalência, ou seja, que é muito comum, mas pouco diagnosticada”.

A SAOS é um distúrbio respiratório do sono caracterizado pelo breve, mas frequente, bloqueio das vias respiratórias, que pode provocar interrupções da respiração totais (apneias) ou parciais (hipopneias) durante o sono.

No âmbito do projeto, que deverá arrancar no segundo semestre deste ano, vão ser selecionados “utentes de alto risco de SAOS”, nomeadamente doentes hipertensos, diabéticos, obesos e homens a partir dos 45 anos, e os que cumprem os requisitos são encaminhados para fazer o exame de diagnóstico a nível do ACES e são encaminhados, através desta via verde, para a pneumologia onde é validado o resultado e instituído o tratamento.

“Com isso pretendemos reduzir o tempo de espera”, salientou Catarina Cascais, que explicou que, neste momento, existe uma “demora de aproximadamente dois anos” desde a suspeita, referenciação a nível de cuidados de saúde primários até à primeira consulta de pneumologia onde é feito o diagnóstico e depois o tratamento.

Jaime Ribeiro explicou que esta síndrome provoca hipersonolência diurna e referiu que, no dia-a-dia, uma pessoa que tenha muito sono pode colocar em risco a sua vida e a vida de outras pessoas, como, por exemplo, na condução, podendo refletir-se ainda na produtividade na sua atividade laboral.

“São pessoas que ressonam muito e que têm paragens respiratória durante o sono e durante estas paragens respiratórias claro que há alterações a nível de oxigenação que se vão refletir nesta hipersonolência, mas também em alterações cardiometabólicas, isto é, há um maior risco de AVC, de enfarte”, apontou.

Sobre o diagnóstico da patologia, Jaime Ribeiro referiu que, “por um lado, a comunidade médica ainda não está totalmente sensibilizada, mas os utentes muito menos ainda”.

“E este trabalho que nós queremos fazer é um trabalho de inovação diagnóstica e de cooperação entre os cuidados de saúde primários, no caso, o centro de saúde e o hospital”, sustentou o médico.

O projeto resulta de uma colaboração entre a USF e o serviço de pneumologia do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD) e envolve o Centro Académico Clínico de Trás-os-Montes e Alto Douro e conquistou recentemente a bolsa de investigação diagnóstica e terapêutica em cuidados de saúde primários, instituída pelo Update em Medicina, em parceria com a Alfasigma Portugal, Lda.

O diretor executivo do ACES Douro Norte, Gabriel Martins, realçou que se trata “de um projeto pioneiro” que visa a “prestação de melhores cuidados aos utentes” e que se poderá estender a outras unidades de saúde.

LUSA/HN

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