“O problema de estarmos, neste momento, com uma nova série de greves tem a ver com a surdez do Governo aos nossos argumentos, às nossas razões e aos nossos problemas no Serviço Nacional de Saúde. Desde outubro do ano passado, apesar de termos tido algumas reuniões com o Ministério da Saúde, nenhum dos problemas teve sequer a proposta de solução”, lamenta o presidente do Sindicado Nacional dos Farmacêuticos, Henrique Reguengo, em declarações ao HealthNews.
Henrique Reguengo advertiu que, felizmente, “não é por falta de emprego que os farmacêuticos escolhem o Serviço Nacional de Saúde” e que, infelizmente, se nada mudar, “aquilo que vai acontecer é que vamos ficar sem farmacêuticos no SNS”. “Já temos, neste momento, muitos colegas que se estão a fartar da situação e saem”, acrescenta.
“Se nós não funcionamos, toda a estrutura é posta em causa, e é isso que vai acontecer. Fala-se na entrega de medicamentos em proximidade. Eu não sei como é que o senhor ministro pode estar a falar em desenvolver uma atividade que necessita de farmacêuticos e ao mesmo tempo estar a fazer tudo para que eles saiam do Serviço Nacional de Saúde”, critica o farmacêutico.
Para Henrique Reguengo, o impasse nas negociações não tem explicação plausível. “Nas reuniões que tivemos com o senhor secretário de Estado, ninguém foi capaz de nos dizer que nós não temos razão nos motivos de descontentamento que apresentamos. (…) Todos reconhecem que é preciso alterar a situação, mas depois são incapazes de dar o passo seguinte”, conta.
Na sua opinião, a situação “só se desbloqueia quando o senhor ministro da Saúde realmente trouxer para a mesa das negociações quer as Finanças quer a Administração Pública. Como ele se tem negado a fazer esse ‘convite’, as negociações acabam por ser um faz de conta que não é possível continuar a manter”.
Por último, uma mensagem dirigida “diretamente” ao ministro da Saúde: “que perceba, e sendo médico não será difícil, a importância que a atividade farmacêutica tem no Serviço Nacional de Saúde, que perceba que para ter serviços farmacêuticos de qualidade tem que ter as pessoas em quantidade e em qualidade no sistema e que, se nada se alterar, vai deixar de ter farmacêuticos”.
HN/RA
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