Pablo, Ivan, Chema e Laura têm em comum o facto de lidar ou com deficiência ou doença grave e “oferecem” o seu exemplo em cada paragem do percurso em que são acompanhados por quatro ‘pilotos’, os guias na aventura ao pedal por Portugal e Espanha e que só deverá estar cumprida a 26 de setembro, quando regressarem a Vigo, contou à Lusa Javier Pitillas, um dos guias.
Na base desta viagem em bicicletas tandem está a associação espanhola DisCamino. Criada em agosto de 2009, para além de várias outras atividades regulares, ajuda a facilitar o percurso dos Caminhos de Santiago a pessoas com deficiência.
Desde sábado, o grupo já pedalou na direção de Caminha, Viana do Castelo, Póvoa de Varzim, Porto, Espinho, Aveiro, Mira, Figueira da Foz e Nazaré, num percurso nacional que terminará em 29 de julho quando rumarem de Santa Luzia, no Algarve, para Aiamonte, em solo espanhol.
“Desta vez, a volta à Península Ibérica foi preparada a pensar no Ivan, que tirou o curso de treinador, mas que depois foi surpreendido com a notícia de que tem um tumor cerebral, pelo que este é o caminho da sua vida e o desafio que lhe prometemos”, testemunhou à Lusa Pitillas, também responsável da associação.
Mas há “um objetivo mais abrangente”, prosseguiu o porta-voz do grupo de ciclistas: “sensibilizar as pessoas com deficiência para que não fiquem em casa, para que façam atividade física”, dando-lhes como exemplo o que “estes ciclistas em bicicletas tandem estão a cumprir” pelas estradas ibéricas.
E a cada paragem, contou, tem havido “abordagens de populares, de pessoas que querem saber o motivo da viagem, mas não só”.
“Na Figueira da Foz, a presidente da delegação centro da Associação Spina Bífida e Hidrocefalia de Portugal, Cláudia Carvalheiro, teve a oportunidade de andar pela primeira vez numa bicicleta movida com as mãos e gostou muito”, explicou Javier Pitillas.
À Lusa, a dirigente da associação portuguesa confirmou o episódio, elogiou o projeto e revelou que será uma “experiência a repetir logo que possível”, com o espanhol a antecipar que “poderá ser já em 2024, quando voltarem a passar pela Figueira da Foz”.
Para cumprir os cinco mil quilómetros, os ciclistas contam com apoio de associações parceiras nos dois países, mas foi, sobretudo, a autarquias que foi lançado o repto para ajudar nas pernoitas, revelou o dirigente da DisCamino.
“Dormimos onde é possível, onde nos deixam”, brincou Pitillas explicando depois que, em solo português, “dormiram, até à data, em instalações desportivas e sociais”.
Até 26 de setembro, a participação subirá para 20 pessoas, num percurso em que, garantiu Pitillas, as “bicicletas estarão ao dispor de quem as quiser experimentar”.
LUSA/HN
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