Segundo o relatório que é hoje divulgado, os internamentos por hepatite B crónica passaram de 17 em 2021 para 21 no ano passado e os responsáveis alertam que tal pode ser explicado com o “aumento significativo” da migração associada a guerras em países onde a prevalência de hepatites virais B e C é muito elevada (1% e 3% da população da Ucrânia).
“Teremos de estar atentos a esta situação, que pode vir a alterar a curva descendente que temos vindo a observar na última década, bem como implementar medidas de rastreio, diagnóstico precoce, tratamento e vacinação de hepatites virais B e C nas populações de imigrantes e refugiados”, alertam.
Em declarações à Lusa, o diretor do Programa Nacional para as Hepatites Virais, Rui Tato Marinho, reconhece estes casos em imigrantes de países onde os cuidados de saúde não são bons, nomeadamente no continente africano e na Ásia, e diz que é recomendado aos médicos de medicina geral e familiar que assistam estas pessoas para, pelo menos uma vez, pedirem o teste.
“Nós recomendamos aos colegas de medicina geral e familiar que, se avaliarem estas pessoas, (..) peçam o teste da hepatite B, C e HIV. Até para permitir que essas pessoas tenham os melhores cuidados de saúde, porque também precisamos deles para ajudar a fazer o país”, explicou.
O relatório aponta para uma diminuição dos internamentos por hepatites B e C crónicas na população portuguesa na última década: de 74 internamentos por hepatite B crónica em 2013 para 21 em 2022 e de 228 internamentos por hepatite C crónica em 2013 para 13 no ano passado.
Esta diminuição é mais significativa para a hepatite C crónica, sendo mais acentuada desde 2015, “coincidindo com o início da medicação com antivíricos de ação direta para a hepatite C”, refere o documento.
Os autores do relatório citam ainda um artigo publicado em abril de 2021 sobre a evolução dos internamentos por cirrose hepática em Portugal, de 2010 a 2017,que mostrou uma redução para metade dos casos de cirrose associada à hepatite C (de 424 internamentos em 2015 para 206 em 2017).
“Já no ano passado tínhamos notado, diminuiu muito. Até houve doentes que saíram da lista de transplante. E em relação à hepatite B a mesma coisa, por causa de 20 anos de vacinação”, explicou Tato Marinho.
O documento aponta, a nível europeu, a falta de dados epidemiológicos completos tanto na hepatite B como na C, incluindo as informações sobre a via de transmissão, casos importados e se se trata de hepatites crónicas ou agudas.
“Essa falta de dados abrangentes afeta negativamente a efetividade das estratégias de prevenção e controlo das hepatites virais, dificulta a monitorização das políticas e programas em curso e, em última instância, impede o progresso em direção aos objetivos globais de eliminação”, alertam os autores.
LUSA/HN
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